A TAP fez um apelo para que Portugal participasse na sua emissão de dívida, e seis mil investidores disseram que sim. Embalados por um juro de 4,375%, a maior parte dos que participaram nesta emissão de obrigações investiram entre mil e cinco mil euros, mas houve 347 pessoas a aplicar mais de 50 mil euros. Resultado: a companhia conseguiu financiar-se em 200 milhões de euros que ajudarão a consolidar o seu passivo, e viu a procura superar 1,5 vezes a oferta. Foi uma das maiores emissões de retalho de sempre e, para a empresa foi um teste bem sucedido ao plano de entrada em bolsa em 2020.
“Foi o primeiro passo para abrir o capital”, disse David Neeleman, principal acionista privado da companhia, esta quarta-feira na SIC Notícias, assumindo que a TAP precisa de reforçar o capital em “350 ou 400 milhões de euros”. As datas estão estabelecidas: “Este ano não, o ano que vem. É a minha meta”, disse o investidor norte-americano, insistindo: “O nosso balanço está bem melhor, mas para ser world top [de classe mundial] temos de abrir capital, e queremos fazer isso logo. Podemos colocar equity [capital] na empresa em vez de dívida”, acentuou.
Este não é um projeto de hoje. Desde os meses da privatização que Neeleman acena com a bandeira da dispersão de capital da TAP em Bolsa. Mas, em março, Antonoaldo Neves, CEO da companhia, admitiu que o salto estava dependente da existência de interesse. “Quem dita o timing é o mercado. Estamos preparando a empresa para o momento em que surgir uma oportunidade avançarmos. Como está o apetite do mercado? Não sabemos”, dizia o brasileiro.
Neeleman lembra que a TAP “tem muita dívida” e que, por isso, precisa de capital. E para este plano chama o governo: “Eu acho que o governo vai participar porque eles adoram a TAP. Mas também novos acionistas, as famílias, os institucionais dos EUA e pequenos investidores – muitos querem investir”, diz.
Em relação à emissão de 200 milhões de euros em obrigações, Neeleman lembra que “é uma grande alegria que haja tanta confiança das pessoas na TAP” e afasta dúvidas em relação ao balanço negativo da TAP: “Todo o mundo fala do prejuízo do ano passado. Eu gosto de empresas que não sejam apenas lucros, porque essas estão focadas no curto prazo, e eu não estou focado no curto prazo”, sublinhou.
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