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Depois de longos meses de negociações, os técnicos de manutenção de aeronaves deram luz verde ao novo acordo de empresa (AE) da TAP. O documento foi assinado na passada sexta-feira, dia 22, e é mais um passo no processo negocial que a companhia liderada por Luís Rodrigues dá no caminho da paz social.
“É um acordo que permite virar a página dos técnicos de manutenção de aeronaves, que vai permitir que não exista uma fuga tão grande em massa dos técnicos para o estrangeiro, que era o que estava a acontecer. Era preciso que a massa salarial se aproximasse mais do mercado para que as pessoas ficassem cá, para conseguirmos fazer manutenção de aviões em Portugal. Este acordo vai permitir isso mesmo, não é perfeito mas aproxima-nos um pouco do mercado. A TAP teve isso em conta, percebeu que éramos uma classe que estava muito desfasada do mercado”, congratula ao Dinheiro Vivo o presidente do Sindicato dos Técnicos de Manutenção de Aeronaves (SITEMA), Jorge Alves.
Recorde-se que a TAP começou a denunciar acordos temporários de emergência (ATE), que vigoram desde 2021, no âmbito do plano de reestruturação aprovado pela Comissão Europeia, no final de 2022, ainda sob liderança de Christine Ourmières-Widener.
Os meses que se seguiram foram de turbulência e contestação dos trabalhadores e levaram, inclusive, a uma greve de dois dias por parte dos tripulantes de cabine que impactou a empresa em oito milhões de euros. Depois das várias polémicas que marcaram o ano na TAP, entre a indemnização de meio milhão de euros paga a Alexandra Reis à comissão parlamentar de inquérito, o ex-presidente da SATA assumiu os comandos da companhia, em abril, e começou a arrumar a casa.
Os cortes salariais de 20% caíram por terra no final do verão e os pilotos da transportadora aérea foram os primeiros a chegar a acordo com a TAP em junho. No passado mês de novembro foi a vez dos tripulantes darem o aval ao novo documento.
De parcas palavras e ouvidos atentos, o modus operandi de Luís Rodrigues tem arrancado elogios dos trabalhadores que se dizem satisfeitos com o acalmar das águas.
“O dr. Luís Rodrigues apanhou a TAP numa fase diferente em que era possível olhar para as pessoas e ele tem olhado. Há pequenas coisas que representam muito. A TAP, na pandemia, abandonou as pessoas, porque teve de sobreviver e isto vai demorar anos a recuperar, mas esse caminho está a ser feito. Ele teve esse condão de olhar para as pessoas, teve a sensibilidade de ouvir quem estava cá dentro e ouvir com ouvidos de querer ouvir. Conseguiu terminar com o processo hediondo de despedimento coletivo, chegou-se a acordo com grande parte das pessoas para as reintegrar, foi tudo positivo. É uma gestão positiva”, aplaude Jorge Alves.
Já os tripulantes esperam “ansiosamente” pela publicação do novo AE no Boletim de Trabalho e Emprego (BTE). “Quanto mais cedo a publicação for concretizada mais cedo se colocarão em prática as medidas e passaremos a ter a nova tabela social. Vimos este verão que quando há paz social a companhia tem capacidade para desenvolver e crescer, a paz social não tem preço. É inegável que a equipa do Luís Rodrigues conseguiu, até à data, uma paz social importante”, reconhece o presidente do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC).
Os tripulantes de cabine aprovaram em assembleia-geral o novo AE a 24 de novembro depois de “17 anos à espera”, relembra Ricardo Penarroias que assume que este é um “é um virar definitivo de uma página da empresa”. As negociações entre a empresa pública e os trabalhadores continuam e nem todos os novos AE estão ainda fechados, mas as estruturas sindicais assumem que as negociações estão no bom caminho.
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Privatização à vista não preocupa
O próximo ano é ainda projetado num cenário de incerteza com eleições legislativas marcadas para março. A venda do capital da TAP saltará novamente para a agenda política e pública, mas não é possível definir, para já, quais serão os próximos passos. O dossiê não preocupa os trabalhadores que estão confiantes com o rota que a companhia aérea de bandeira está a seguir.
“Já passámos por uma pandemia, por despedimentos, por uma retoma que se antecipou às previsões, pelos escândalos governamentais e saídas abruptas da administração, e pela saída de um Governo em bloco. Vamos pensando jogo a jogo. Quando chegar a altura de uma nova privatização aí pensamos. Dentro do próprio PS há ideias diferentes [para a venda da TAP]. Se for outro partido a ganhar, haverá outras ideias. Nessa altura, teremos de nos sentar e perceber as intenções”, indica o representante dos tripulantes, Ricardo Penarroias.
Também o presidente do SITEMA encara o futuro com tranquilidade. “Não somos contra a privatização, já nos demos bem quando a TAP foi privada, queremos é que exista gestão, consistente, que consiga olhar para as pessoas, seja privada ou pública. Não entramos nessa guerra política”, afiança Jorge Alves.
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