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Não há nenhuma razão para que o governo não escolha como um acionista privado. O que o Estado tem de fazer na TAP é adotar procedimentos profissionais de escolha das equipas de gestão”, dizia Pedro Nuno Santos a 2 de julho de 2020. Assegurando que o então presidente executivo (CEO), Antonoaldo Neves, teria de “no imediato” ser “substituído”, o ministro das Infraestruturas acrescentava que o governo iria avançar com “um processo de seleção contratando uma empresa que tem no quadro da sua atividade procurar no mercado internacional uma equipa qualificada para gerir a TAP”.
Quase um ano depois, a equipa é conhecida. O novo conselho de administração vai ser votado em Assembleia Geral a 24 de junho, devendo ser aprovado. São 11 administradores – entre executivos e não executivos -, um leque com muitas caras novas, mais mulheres que no passado recente e algumas surpresas. Pela frente, terão meses de uma atividade ainda baixa, com um plano de reestruturação (que ainda não foi aprovado por Bruxelas) a ter de ser executado para colocar a TAP na rota do crescimento, tendo condições para voar sozinha sem o apoio público.
A primeira surpresa da nova equipa da TAP estará na saída de Miguel Frasquilho. Ocupando o cargo de chairman, tem sido um dos rostos mais visíveis da companhia aérea tendo em conjunto com o CEO interino dado início ao processo de reestruturação; numa primeira fase na elaboração e num segundo momento começando a pôr em prática o documento que seguiu para Bruxelas em dezembro, e que teve como momento mais visível a negociação dos acordos de emergência, que permitiu que, dos inicialmente previstos 2000 trabalhadores que teriam de sair, nesta altura sejam cerca de duas centenas. Frasquilho vai ser substituído por Manuel Beja, que tem uma licenciatura em Matemática Aplicada à Economia e Gestão e um MBA Executivo pelo INSEAD. Durante sete anos foi diretor da área de Pessoas e Organização na tecnológica Novabase.
A presidência executiva fica a cargo da francesa Christine Ourmieres-Widener. Com experiência no setor da aviação – tendo sido CEO do grupo de aviação britânico Flybe – Christine Ourmieres-Widener vai suceder a Ramiro Sequeira que é, desde meados do ano passado CEO interino, e vai ter pela frente a tarefa de continuar a aplicar o plano de reestruturação e assegurar que a TAP não perde o voo da recuperação.
A aviação civil foi um dos setores mais afetados pela pandemia. A IATA estima que a recuperação para níveis de 2019 aconteça entre 2023 e 2024 e, à medida que o transporte aéreo vai recuperando, nenhuma companhia quer ficar para trás, devendo a concorrência ser grande.
Ramiro Sequeira, o ainda presidente interino, na nova administração volta a uma tarefa que já conhece: a direção de operações.
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João Reis Gameiro, tem um MBA em International Management e há mais de duas décadas que trabalha na banca de investimento. Será o administrador financeiro da TAP, tendo assim a seu cargo as contas da companhia que em 2020 teve prejuízos de mais de 1200 milhões de euros e no primeiro trimestre acumulou perdas de mais de 360 milhões. Também terá de gerir as necessidades de financiamento. De acordo com a informação avançada em dezembro, as necessidades de financiamento da TAP podem chegar aos 3,7 mil milhões de euros até 2024.
Alexandra Vieira Reis vai continuar como administradora da empresa. Chegou à comissão executiva no último trimestre de 2020 para substituir David Pedrosa. Antes, entre setembro de 2017 e setembro de 2020 foi chief procurement officer na TAP.
Silva Rodrigues fica também na administração, onde chegou no ano passado para substituir Humberto Pedrosa. No seu currículo consta a presidência da Carris durante dez anos e entre novembro de 2016 e setembro de 2020 foi secretário-geral do grupo Barraqueiro.
Silvia Mosquera González chega à TAP com origem na colombiana Avianca, para ocupar o cargo de diretora comercial.
Patrício Ramos vai integrar a administração da TAP vindo da consultora Boston Consulting Group. Ana Teresa Lehmann é doutorada em Economia e, na anterior legislatura, foi secretária de Estado da Indústria. Gonçalo Neves Costa Monteiro Pires é licenciado em Economia e nos últimos anos passou pelo Santander em Espanha e fundou a Adamastor Investiments. João Duarte é o representante dos trabalhadores na administração.
200 trabalhadores
A assembleia geral da TAP está marcada para 24 de junho. Para já, Bruxelas ainda não deu luz verde ao plano de reestruturação da empresa, mas o ministro das Infraestruturas voltou, esta quarta-feira, a apontar que a decisão do executivo comunitário deverá estar para breve. Ainda assim, um dos temas que ainda não está fechado é a saída de trabalhadores. No final de maio, a TAP, numa nota interna sustentava que a implementação dos acordos de emergência e a adesão a medidas voluntárias permitiu reduzir “o número inicial de redimensionamento, inscrito no plano de reestruturação em aprovação na Comissão Europeia, de cerca de 2000 para 206 trabalhadores”. O processo ainda não está fechado, mas Pedro Nuno Santos já deixou claro que o despedimento coletivo na TAP “é uma hipótese desde o início”.
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