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A Inteligência Artificial (IA) é o futuro. A afirmação, embora já não seja nova, é do analista de tecnologia sénior da seguradora Allianz, o americano James Chen. Com mais de 29 anos de experiência no setor, James Chen, tem sido o gestor da estratégia de Inteligência Artificial desde o seu lançamento em 2016.
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Em conversa com o Dinheiro Vivo, o especialista garantiu que na União Europeia existe um foco muito grande, no sentido de importar esta tecnologia para os negócios. “Em particular na Europa, há um grande esforço governamental no sentido da adoção de inteligência artificial por parte de vários tipos de empresas”, declarou, adiantando que a intenção é ampliar a implementação da IA em empresas mais pequenas e torná-la muito mais acessível.
“Esta vai ser a solução”, garante James Chen. “Está a chegar lentamente, mas vai continuar a proliferar e a alargar-se e a impactar muitas indústrias diferentes”, afirma.
Embora atualmente a Inteligência Artificial seja uma tecnologia cara para a maior parte das empresas, o americano prevê que em cinco anos esteja mais disseminada, tornando-se uma ferramenta muito mais alcançável. “No domínio da tecnologia, as empresas beneficiarão com a venda de produtos aos utilizadores finais e poderão ter uma taxa de crescimento muito mais rápida”, reforça. “Mas em áreas fora da tecnologia, onde as empresas já utilizam a IA para mudar os seus negócios e para oferecer algo único ao mercado, existirão benefícios, embora seja um percurso mais longo”.
E, de forma a demonstrar toda a potencialidade desta ferramenta explica. “O que vimos nos últimos cinco anos foram empresas tradicionais, de serviços financeiros como bancos, empresas industriais como empresas de tratores e empresas de saúde, a utilizar a IA como uma ferramenta para agilizar os processos, simplificar as suas operações, ou desenvolver novos produtos e serviços”.
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“Do ponto de vista dos cuidados de saúde, a Moderna e a Pfizer, por exemplo, não foram capazes de agilizar o processo do desenvolvimento e de descoberta da vacina para o Coronovírus sem as ferramentas da IA”, exemplifica. “No caso da John Deere (tratores), usam a IA para oferecer capacidades como visão computadorizada, direcionamento preciso de aplicações de herbicida, de forma que a solução realmente torne os agricultores muito mais produtivos e também consigam reduções de custos nas operações”, continua.
Ao utilizarem esta valência nos tratores, é possível reduzir os custos numa propriedade agrícola, uma vez que atualmente o herbicida representa 80% a 90% do custo do total da operação, já que é aplicado em todo o campo. “Com a IA passa a aplicar-se seletivamente, porque o próprio trator tem visão para identificar onde colocar o produto”, frisa James Chen.
E, de forma a sossegar quem tem receio que as máquinas possam vir a conseguir pensar sozinhas, James Chen garante que isso não vai acontecer. “Não há dúvida que a máquina vai substituir certas tarefas repetitivas”, frisa, acrescentado que os seres humanos serão sempre fundamentais para ajudar todas as empresas a adotar a inteligência artificial e a trabalhar com ela. “Portanto, é na verdade o oposto do que as pessoas temem, que tira empregos. Na realidade cria empregos, mas não há pessoas suficientes para preencher essas novas vagas”, reflete.
Apesar de tudo James Chen acredita que o caminho faz-se caminhando. “À medida que as pessoas começam a perceber que a IA é o futuro, elas precisam de aprender essas capacidades. É um processo e uma jornada, e na verdade é um dos fatores para o conhecimento. Estamos a falar do talento das pessoas. Os estudantes que se formaram em cursos como segurança cibernética, são os mais requisitados para trabalhar nas principais instituições e agências governamentais”, diz.
Parte da função de James Chen é ajudar os investidores a identificar as empresas que estão a transformar-se e a adotar a inteligência artificial. “Essas empresas de tecnologia que estão a inovar no âmbito da inteligência artificial é algo único para o mercado”.
Paralelamente é necessário pensar em toda a cadeia de valor da inteligência artificial, desde os criadores de tecnologia até aos seus utilizadores. “Diferentes empresas terão diferentes ritmos de crescimento e diferentes ritmos de benefícios”, considera. E, finaliza. “Acho que todas as empresas estão a caminhar para níveis altos de automação e níveis mais altos de capacitação. As coisas estão ser feitas e o o progresso é feito de forma crescente”.
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