O período de isolamento social pedido em vários países está a fazer crescer os tempos de consumo de streaming, especialmente de vídeo. No fim-de-semana passado, com mais pessoas em casa, o streaming de vídeo atingiu um novo pico, com um crescimento global de 20%, revelam os dados da Wurl Inc, cedidos à Bloomberg.

A Wurl, que está dedicada à publicidade em televisores conectados, refere que as maiores variações nos tempos de consumo foram sentidas na Áustria (um aumento de 44%) e em Espanha (42%). Na Alemanha foi registado um aumento de 32%. O aumento mais modesto foi sentido nos Estados Unidos, com 7,5%.

“O streaming de vídeo está longe de ser o tema mais importante na agenda mundial nesta altura, mas é uma indústria que indiretamente vai sentir uma grande mudança devido a esta crise”, aponta Sean Doherty, CEO da Wurl, à Bloomberg.

Se os próprios serviços de streaming não têm quantificado o aumento do tempo passado em streaming, algumas empresas, além da Wurl, estão a dar algumas indicações sobre o assunto. A SensorTower, por exemplo, refere que o tempo de consumo da Netflix em Espanha cresceu 34% e em Itália, o país europeu mais afetado pelo vírus, foi registado um aumento de 57%.

Ao longo dos últimos dias, as ações da Netflix têm subido em bolsa: esta quarta-feira, a Netflix sobe 7%, com as ações a valerem 319,75 dólares.

Já na área dos jogos, os serviços da Nintendo, PlayStation e Xbox apresentaram alguma instabilidade, especialmente na Europa. Com mais gente em casa, este tipo de serviços está, também, a sentir um considerável aumento da procura. A plataforma Twitch, que permite acompanhar livestreams de jogos, viu os números de audiência aumentar 10% nos últimos dias, segundo análises da StreamElements. Já o YouTube Gaming cresceu 15%, de acordo com a mesma empresa.

Alterações de estratégia e paragem de produções

Com o vírus declarado como uma pandemia pela OMS, na semana passada, e com vários cinemas e outros espaços de lazer fechados, até a indústria do cinema, algo resistente à mudança e relação com serviços de streaming, começa a adaptar-se a esta nova realidade. A Universal Pictures, por exemplo, já anunciou que vai estrear filmes em sala e em serviços on-demand no mesmo dia, alterando as estratégias de distribuição. Também a gigante Disney, dona do serviço de streaming Disney, antecipou em vários meses a data de chegada do filme ‘Frozen 2’ ao mundo do streaming.

Enquanto algumas estratégias são adaptadas, noutros campos do entretenimento são decretadas paragens. É o caso da área da produção: a Netflix já anunciou que, por questões de segurança e para evitar contágio entre a equipa, a produção de vários projetos foi posta em pausa, durante algumas semanas. Esta paragem afeta projetos como a produção das séries ‘Stranger Things’. ‘ Grace and Frankie’, ‘Russian Doll’ ou o filme ‘Red Notice’, com Dwayne Johnson, Gal Gadot e Ryan Reyonolds no elenco.

A produção de algumas séries do serviço de streaming da Apple também foi posta em pausa, como ‘The Morning Show’.

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