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Uma luva que permite a quem tem dificuldades de mobilidade realizar tarefas do dia a dia com mais facilidade, e que a startup Nuada acredita poder ser direcionada para o setor industrial. Aproveitar a realidade aumentada para rastrear sistemas de produção, evitando problemas e ineficiências. Melhorar a segurança rodoviária através de telemóveis que monitorizam a face dos condutores para identificar sinais de stress e cansaço, lançando alertas que podem evitar acidentes. Robôs “andantes e inteligentes” que podem aumentar a eficiência das fábricas, reduzindo o esforço humano. Estes são alguns dos projetos que vão ser desenvolvidos na test bed “the smart lab – Aveiro”, um espaço de experimentação e aceleração de produtos e serviços inovadores promovido pela Renault Cacia, em parceria com a Brisa e Via Verde, e ontem dado a conhecer nas instalações da fábrica de componentes automóveis em Aveiro.
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Este é o ponto de partida de um plano que visa transformar a fábrica de Aveiro, líder da indústria metalomecânica portuguesa há 42 anos, de uma “metalomecânica tradicional para uma tech company orientada para as novas mobilidades”, disse Raynald Joly, diretor -geral da Renault Cacia.
A test bed “the smart lab – Aveiro” integra a rede nacional apoiada por fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Conta, para já, com 30 projetos-piloto (que representam um investimento total na ordem dos 140 milhões de euros) e pretende, no espaço de três anos, acolher 59 projetos. Irá focar-se nas componentes de inteligência artificial, ciência dos dados, robótica colaborativa inteligente, manufatura aditiva, sistemas ciberfísicos, mobilidade e conectividade, entre outras áreas consideradas chave.
“Estamos a atravessar uma transformação grande”, que vai “acelerar muito”, pelo que “temos de estar preparados”, alertou Eduardo Ramos, administrador da Brisa, sublinhando que, “sem perspetivas de crescimento, não vamos conseguir atrair, nem reter, talento”, um problema do país.
Digitalizar para aumentar competitividade
Ribau Esteves, presidente da Câmara, destacou o “ecossistema tecnológico” existente em Aveiro, que permite fomentar este tipo de iniciativas. O apoio do PRR para a criação da rede de test beds, salientou ainda o autarca, é fundamental para pôr grandes empresas e startups a a trabalharem lado a lado com vista ao reforço da “competitividade económica” de Portugal.
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As test beds “não estão dissociadas de uma política coerente de transição digital, explicou em seguida Luís Guerreiro, presidente do IAPMEI, a agência para a competitividade e inovação. Esta transição digital, especificou, “não é um fim em si, mas um processo”, uma ferramenta que vai ajudar a aumentar a “competitividade, a internacionalização e capacitação das empresas”. O” que queremos é, basicamente, aumentar o volume de negócios das empresas”.
O secretário de Estado da Economia, Pedro Cilínio, encerrou a cerimónia com uma palavra de “confiança”, dado o contexto “desafiante” e de “incertezas” que o país atravessa, não só pelo período de pandemia, mas pela situação na Ucrânia, disrupção nas cadeias de abastecimento, inflação e consequente impacto nos rendimentos das famílias.
O governante realçou que a transição digital e o trabalho em rede são importantes para “ganhar escala, a escala que precisamos para sermos produtivos”. A rede nacional de test beds é uma peça relevante neste contexto, que pode ser complementada com os 17 digital innovation hubs espalhados pelo país e zonas livres tecnológicas – espaços de experimentação em ambiente real. Já existe um destes espaços na península de Troia e perspetiva-se que sejam criados, brevemente, também em Aveiro e em Viana do Castelo.
A estratégia de avançar com a test bed não surge desgarrada no seio do grupo Renault, que mantém os olhos postos no futuro e está a sofrer uma “transformação profunda”. Recentemente anunciou que decidiu separar as atividades tradicionais dos motores de combustão interna e híbridos, associando-se com a Geely (chinesa) e a Aramco (Arábia Saudita) no projeto “Horse”.
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