A Tetra Pak anunciou que vai começar a produzir palhinhas em papel, antecipando a proibição de Bruxelas que, até 2021, quer acabar com produtos de plástico de utilização única. Os clientes europeus da empresa sueca serão os primeiros a ter acesso às novas palhinhas que serão feitas na fábrica da companhia em Portugal, a única a produzir este tipo de produto a nível global.
“Esta fábrica da Tetra Pak ainda é a primeira e a única da empresa a nível global a produzir as palhinhas em papel, pelo que, na prática, Lisboa irá atuar como centro de produção inicial, quer para o mercado europeu, quer para os restantes mercados”, adianta Daniele De Franciscis, factory manager SCO Additional Materials da Tetra Pak, ao Dinheiro Vivo.
O lançamento a palhinha em papel está a ser iniciado com volumes limitados, estando a Tetra Pak a aumentar a capacidade de produção da sua fábrica de palhinhas em Lisboa. A palhinha, que inicialmente terá apenas um formato reto, é fabricada com papel certificado pelo FSC e reciclável, estando disponível em embalagens em cartão de tamanho individual utilizadas para produtos lácteos e bebidas para crianças. A expectativa é que, à medida que o projeto avance, o portefólio de embalagens amplie. E que a produção também arranque no mercado português.
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“Apesar de, neste momento, a palhinha reta ser a única em testes com clientes, estamos a trabalhar numa solução para outros formatos que sirvam embalagens com uma altura superior. As nossas equipas de desenvolvimento estão a trabalhar arduamente nesta solução para que possa iniciar um período de testes semelhante ao atual até ao final deste ano”, diz a factory manager da Tetra Pak. “É expectável que a fábrica de palhinhas da Tetra Pak em Portugal seja responsável pela produção dos vários tipos de palhinhas em papel nos próximos anos.”
Daniele De Franciscis mostra-se otimista quanto à potencial procura dos clientes por esta novidade, na medida em que “os prováveis impactos da nova legislação acerca do plástico de uso único, se deverá traduzir num aumento da procura por parte dos nossos clientes por esta solução das palhinhas em papel”.
A responsável da Tetra Pak não adianta, no entanto, que impacto antecipam ao nível de aumento de produção na fábrica em Portugal. “Neste sentido, prevemos que a capacidade produtiva da fábrica de Lisboa progrida de forma gradual ao longo dos próximos 18 meses.”
Nem que investimento será feito na unidade portuguesa. “O investimento em investigação e desenvolvimento representa um valor anual de cerca de 400 milhões de euros para a Tetra Pak”, refere Daniele De Franciscis. ” No âmbito da aposta nas palhinhas em papel e no seu fabrico em Portugal, temos investido no desenvolvimento e na aquisição de novas tecnologias. Visamos, no entanto, continuar a investir no sentido do aumento da capacidade de produção, conseguindo assim responder à procura e exigência de mercado”, assegura.
Dois clientes a testar palhinhas em papel
Nesta fase as palhinhas ainda estão numa fase de teste, estando o produto a ser usado por apenas dois clientes da companhia sueca.
O foco é “perceber como as palhinhas em papel se comportam em termos de utilização, distribuição e da própria reação dos consumidores, temos dois clientes que estão a trabalhar connosco. Atualmente, não podemos revelar quais são estas empresas, mas podemos dizer que se trata de uma marca internacional de bebidas e de uma marca internacional líder no retalho”, diz Vanessa Baldeante, KAD & Sales Office Manager Iberia da Tetra Pak, ao Dinheiro Vivo, preferindo não revelar a origem das empresas com as quais estão a desenvolver estes testes.
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Vanessa Baldeante também não adianta uma data para colocação massificada do produto no mercado, passo que querem dar ” o mais brevemente possível”. Mas, ressalva, “a nossa maior preocupação passa por garantir que tudo correrá da melhor forma com este período de testes das palhinhas em papel. Apenas após a conclusão com sucesso deste processo poderemos avançar para a introdução desta solução no mercado.”
A Tetra Pak é uma das maiores empresas a nível mundial ao nível de embalagens alimentares, estando presente em mais de 160 países. Vanessa Baldeante não adianta, no entanto, que impacto ao nível de retirada de palhinhas de plástico que antecipam com esta decisão.
“A aposta nas palhinhas em papel enquadra-se naquilo que é, para nós, uma estratégia alargada de evolução do nosso portefólio de soluções de embalagens mais sustentáveis, com o propósito de alcançar uma economia circular com baixas emissões de carbono. Nesta estratégia, definimos como uma das prioridades assegurar de que estas novas soluções serão inteiramente provenientes de materiais renováveis, recicláveis e quando possível reciclados”, esclarece Vanessa Baldeante.
“As palhinhas em papel são uma das várias soluções em que estamos a trabalhar num extenso plano de desenvolvimento que tem também como objetivo dar resposta às exigências legislativas relativas aos plásticos de uso único. Neste momento, deveremos continuar com as palhinhas de plástico em vários mercados e/ou com plásticos alternativos que deem igualmente resposta às exigências da legislativas”, refere.
A empresa, lembra, não patenteou as palhinhas de papel, colocando o conhecimento adquirido ao dispor de terceiros. “Tendo em conta a nossa decisão de não patentear os avanços conseguidos no desenvolvimento destas palhinhas em papel, acreditamos que, a médio prazo, iremos conseguir, em conjunto com os nossos clientes e com outros fornecedores, aumentar a produção e disponibilização suficientes para cobrir a procura a nível global.”
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