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Lisboa, Convento do Beato. Num evento exclusivo para alguma, muito pouca, imprensa portuguesa e estrangeira, e com presença do presidente da Câmara, Carlos Moedas, a marca suíça apresentou a nova coleção Art Journey, que interpreta obras de arte. Numa altura em que a Swatch comemora 40 anos, vem uma coleção diferente: em vez de se dedicar às obras de um museu (como fez em 2022 com o Centro Pompidou, Paris), a colaboração é com quatro museus espalhados pelo mundo. Do Moma de Nova Iorque ao Centro Magritte de Bruxelas, Louvre de Abu Dhabi e Gallerie degli Uffizi de Florença (campeão de visitas em Itália). A coleção de sete relógios ficará completa em maio, com uma surpresa – que Carlo Giordanetti não quis revelar. CEO do Swatch Art Peace Hotel, Carlo é responsável por uma equipa de criativos e designers que cria anualmente 250 modelos de relógios diferentes.
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Porque é que a Swatch escolheu Lisboa para revelar a coleção?
Queríamos um país, cidade ou local com passado, presente e futuro. Por causa desta coleção, que é inspirada no passado, mas com uma interpretação contemporânea. E aqui há esse espírito: história, herança, uma forma muito interessante de preservar as coisas e ao mesmo tempo muita criatividade, jovens talentos e talento artesanal. Isso deve ser celebrado.
A Swatch tem um relógio criado por uma artista portuguesa, Joana Vasconcelos. Pode no futuro próximo ter mais? Ou até museus portugueses nas coleções?
Fizemos uma colaboração fantástica com Joana Vasconcelos, que resume um pouco disto. Ela trabalhou com filigrana e pediu-nos para a colocar dentro do relógio, o que no início achámos impossível, mas fizemo-lo e com grande paixão. Apesar de termos muitas qualidades – somos uma empresa suíça -, precisamos de paixão que muitas vezes encontramos nos países de cultura mediterrânea. Quanto a museus portugueses, é um pouco mais difícil porque precisamos do nome dos grandes museus mundiais. Mas se pensarmos na herança, já fizemos relógios de azulejos… De qualquer forma, é mais interessante trabalhar com artistas e desenvolver projetos com eles. Mas não dizemos nunca. Somos a Swatch e todos os anos criamos 250 novos estilos de relógios.
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Já dedicaram coleções com peças de arte a um museu, neste ano fazem uma com quatro museus. Porquê essa mudança?
Fazemos 40 anos e quisemos algo diferente. A ideia era ter pop art, é muito importante para a Swatch ter o surrealismo, pela provocação e sentido de humor, peças do passado com uma reinterpretação do Renascimento, algo muito gráfico como a onda do Hokusai. E em maio vamos apresentar algo mais, mas ainda não posso revelar… é o elemento que falta nesta coleção.
A ligação da Swatch à arte existe praticamente desde a fundação (1983). Qual é o ganho para os consumidores ao comprar e colecionar relógios analógicos?
Aproximamos a arte das pessoas. Tiramos a arte dos museus e colocamo-la nos pulsos para ser usada todos os dias e a um preço acessível. É uma maneira de contrariar a ideia de que a arte é de luxo. Mas o grande tributo deve ir para os museus, que as partilham para transformar em algo que as pessoas possam usar.
Vivemos num mundo conectado, com smartwatches. Como é que os analógicos Swatch têm contornar esses desafios?
Faz-me lembrar as palavras do fundador da Swatch, Nicolas Hayek: temos de agradecer a competição porque é ela que nos mantém vivos, faz pensar e traz desafios para encontrar novas ideias. A nossa história é de inovação e tecnologia, e temos de continuar fiéis às nossas raízes. Temos feito algumas experiências, mas temos um relógio analógico que permite fazer pagamentos digitais -, mas é apenas uma pequena função, não consome bateria. Queremos que os nossos relógios continuem a ser objeto de liberdade.
Mas é apelativo às novas gerações que já nasceram conectadas…
Sim, e pode parecer banal, mas a Swatch conta muitas histórias. As novas gerações que adoram tecnologia gostam muito disso – quanto mais novos, mais histórias se quer ouvir. É uma das nossas mais-valias: a alma. Os smartwatches são smart mas não nos ligam emocionalmente, são objetos fáceis de substituir, a informação que vale está na cloud. É muito diferente de um analógico que tenha sido oferecido ou pertencido a alguém importante para nós. As novas gerações estão prontas para essas ligações emocionais. E cabe-nos criá-las.
Como é, todos os anos, criar tantas coleções. Há inspiração?
Não tinha pensado nisso. É um processo natural, mantemos a mente aberta, sem filtros, e investigamos, pesquisamos, para que haja storytelling. Por cada relógio que produzimos, há dez a 15 designs que ficam de fora, essa é a beleza da nossa profissão.
Apesar de ser responsável pela parte mais criativa e menos financeira, como estão a correr as vendas da Swatch?
Muito bem. A coleção do ano passado correu muito bem com os modelos do Pompidou, onde o relógio com arte de Frida Kahlo foi um sucesso. Fizemos um relógio a celebrar a rainha Isabel II e em março lançámos o Moon Watch em parceria com a Omega, que foi diferenciador. Nunca duas marcas de relógios tinham colaborado assim. Isso mostrou a nossa energia. Acho que nos reconectámos com muita gente.
Tem um preferido nesta coleção?
É muito difícil, sou uma espécie de tio de todos eles. E como italiano estou muito contente de termos trabalhado com os quadros de Boticelli. Mas posso dizer que o meu preferido é o Hokusai.
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