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As comissões de trabalhadores do Santander Totta e do BCP acusaram hoje os bancos de estarem a despedir trabalhadores para os substituírem por trabalhadores precários e empresas de ‘outsourcing’.
Centenas de trabalhadores bancários manifestaram-se hoje à tarde frente ao parlamento, em Lisboa, contra os despedimentos na banca, numa ação de luta inédita, pois uniu os sete sindicatos do setor (de diferentes tendências sindicais e políticas).
Os manifestantes empunhavam cartazes onde se lia “Massacre tem de parar”, “Chega de despedimentos” ou “Em defesa dos bancários”. As palavras de ordem estavam também nas camisolas: “Não somos números” ou “Bancários em luta”.
Grandes bancos portugueses preveem reduzir milhares de trabalhadores este ano, sendo BCP e Santander Totta os que têm processos mais ‘agressivos’ e os que admitem recorrer a despedimentos coletivos.
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O coordenador da comissão de trabalhadores do Santander Totta, João Pascoal, disse que os 685 trabalhadores que o banco quer que saiam através de rescisões por mútuo acordo e reformas antecipadas (admitindo despedimento coletivo se não sair o número pretendido nesses processos) somam-se aos já 700 que saíram anteriormente, pelo que estima que entre setembro de 2020 e o mesmo mês deste ano saiam do Santander Totta 1400 funcionários.
“É muita gente, nunca aconteceu, achamos absolutamente intolerável. E só é possível esta redução porque continuam a contratar trabalhadores precários a 700 euros, empresas ‘outsourcing’ e a abrir lojas que substituem balcões que se chamam lojas de intermediário de credito vinculado, que fazem parte da funções que o balcão faz”, afirmou João Pascoal à Lusa.
O representante dos trabalhadores afirmou ainda que trabalhadores que não estão a aceitar sair estão a ter represálias, pondo-os o banco a trabalhar em sítios inapropriados e com tarefas melhores, o que considera assédio laboral e já levou a queixas nas autoridades competentes.
Também Cristina Miranda, da comissão de trabalhadores do BCP, disse que “a banca dá a ideia de mandar gente embora, mas não para diminuir, mas para substituir por precários” e atribuir serviços que antes eram feitos por bancários a empresas externas (‘outsourcing’).
“Estão a ser mandadas pessoas embora onde há trabalhadores precários, empresas de ‘outsourcing’ ao lado”, afirmou.
A representante dos trabalhadores do BCP considerou ainda que o banco não é coerente quando o ano passado disse que não fazia reduções significativas de trabalhadores devido à crise pandémica, elogiando a sua responsabilidade social, e este ano promove a saída de 1.000 trabalhadores quando a crise continua grave.
“Os bancos foram intervencionados e todos pagámos, e os trabalhadores do BCP a dobrar (aceitaram cortar vencimentos para não ir embora e foram na mesma) e agora tentam ‘limpar’ rapidamente. Isto não é consideração e responsabilidade social, além de que atiram a responsabilidade pelos trabalhadores para cima do Estado”, afirmou.
O setor bancário perdeu cerca de 15 mil funcionários entre 2009 e 2020 e este será novamente um ano ‘negro’.
O Santander Totta tem um plano de reestruturação que prevê a saída de mais 685 pessoas através de reformas antecipadas e rescisões por mútuo acordo (sem acesso a subsídio de desemprego). O BCP quer que saiam 1.000 empregados através de reformas antecipadas ou rescisões por mútuo acordo (também sem acesso a subsídio de desemprego).
Caso não saiam por acordo o número que consideram adequado, ambos os bancos admitiram avançar para despedimentos coletivos.
O banco Montepio quer reduzir 600 a 900 através de reformas antecipadas e de rescisões de contratos de trabalho (neste banco acedem a subsídio de desemprego, pois tem o estatuto de empresa em reestruturação).
Em outros bancos, como Novo Banco, CGD e BPI, continuam também os processos de saída de trabalhadores, mas para já de forma mais ‘suave’.
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