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Os operários da Autoeuropa chumbaram o pré-acordo laboral. O não recebeu 60% dos votos contra 39,1% do sim. Este foi o resultado do referendo que decorreu nas últimas 48 horas na fábrica de Palmela, segundo o anúncio feito nesta sexta-feira pela comissão de trabalhadores.
O documento era fundamental para definir o futuro da unidade do grupo Volkswagen e garantir pelo menos dois anos de paz social numa das maiores empresas exportadoras nacionais.
Perante o resultado, a comissão de trabalhadores vai reunir-se na próxima semana e “exigir à empresa o regresso à mesa negocial”. A administração garante que vai reunir-se com a comissão de trabalhadores na próxima semana para “analisar os próximos passos”, reagiu fonte oficial da fábrica em nota de imprensa.
Este é o segundo pré-acordo laboral consecutivo que é chumbado pelo mais de 5100 operários da fábrica de Palmela.
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Negociado entre a administração e a comissão de trabalhadores, o pré-acordo previa aumentos salariais de 2% neste ano e no próximo, no montante mínimo de 25 euros, em 2022, e de 30 euros, em 2023. Além disso, caso a taxa de inflação seja superior a 2% nestes dois anos, esse fator seria tido em conta em futuras negociações laborais.
O documento também garantia a continuidade dos trabalhadores associados ao quarto turno de laboração, mesmo que a crise dos semicondutores obrigue a sucessivas paragens de produção ao longo deste ano.
A administração também iria criar um novo escalão (letra G) para os trabalhadores atualmente no topo da carreira (letra F) e que também serão contemplados com o acrescento de 2% no vencimento mensal.
Nota ainda para o aumento do tempo das duas pausas diárias, dos sete para os dez minutos, uma das reivindicações mais antigas dos operários da unidade do grupo Volkswagen em Portugal.
Aos funcionários, a comissão de trabalhadores salientou que a aprovação do pré-acordo laboral “é um fator importante na perspetiva de apresentar, junto da casa mãe, argumentos para garantir investimento para a fábrica nesta fase de transição para a eletrificação”.
Os representantes dos operários também assinalam que a “luz verde” é importante também para, de uma vez por todas, a empresa anunciar o produto que nos garanta o futuro além de 2025“.
No final de 2021, o grupo automóvel alemão anunciou um investimento de 500 milhões de euros ao longo dos próximos cinco anos em produto, equipamento e infraestruturas. A injeção de capital será crucial para a fabricante automóvel escolher o modelo que irá suceder ao T-Roc, em produção desde julho de 2017 e que foi recentemente “refrescado” (facelift, na gíria da indústria automóvel).
A proteção dos postos de trabalho é fundamental porque, até ao final de março, a Autoeuropa não irá funcionar aos fins de semana, mantendo-se a laboração contínua de segunda a sexta, com um máximo de 890 automóveis por dia.
A situação terá impacto nas contas finais da produção anual, que poderá ficar 53 mil unidades abaixo da capacidade máxima de laboração, segundo previsão da comissão de trabalhadores divulgada no final do ano passado.
Resta saber o que irá acontecer na próxima semana e se a administração da empresa estará disponível para voltar à mesa das negociações.
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