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Os novos comboios que circularem em Portugal nos próximos anos estarão equipados com o sistema europeu de controlo (ETCS), em conjunto com o sistema de comunicações GSM-R. Esta solução, contudo, será inútil para as linhas de comboio nacionais: atualmente, perto de 60% dos troços estão cobertos pelo sistema português de controlo automático de velocidade, o Convel.
Para que os novos comboios possam circular nas linhas nacionais, terão de estar equipados com um tradutor, ou seja, um sistema de módulo de transmissão (STM).
Em Portugal, este sistema já tinha sido desenvolvido pela Critical Software. A empresa de Coimbra, contudo, tem a concorrência do consórcio Nomad Tech/Inov, que desenvolveu o sistema STM 4.0. A parceria entre a empresa tecnológica e o instituto de engenharia valeu um financiamento europeu de 1,1 milhões de euros, ao abrigo do programa Portugal 2020.
O investimento “vai acelerar o desenvolvimento desta tecnologia, através da duplicação da equipa, para 20 engenheiros, reduzir o risco do projeto e o tempo de chegada ao mercado”, destaca ao Dinheiro Vivo o líder da Nomad Tech, Augusto Costa Franco.
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O consórcio pretende fazer os primeiros testes práticos em meados do próximo ano. Além disso, as duas empresas querem incluir o sistema nos 22 novos comboios para o serviço regional que a CP comprou aos suíços da Stadler, por 158,14 milhões de euros e que começarão a ser entregues em 2024.
Nomad e Inov também querem convencer os suíços por causa dos baixos custos de manutenção no longo prazo. “Este equipamento tem de durar pelo menos 30 anos. Através da monitorização remota, poderemos fazer a manutenção do sistema com base na fiabilidade e não no ciclo de quilómetros.”
Este projeto também marca a entrada das duas empresas em novas áreas de negócio: a Nomad Tech vai começar a desenvolver soluções para a área da sinalização; a Inov vai estar atenta ao segmento da ferrovia.
Soluções como o STM são fundamentais para uma verdadeira interoperabilidade na rede ferroviária, que será uniformizada pelo sistema de gestão de tráfego europeu ERTMS. Isto permitirá, por exemplo, que um comboio português circule em Espanha apenas com o sistema ETCS, em vez dos equipamentos nacionais Convel e Asfa.
O Convel chegou a Portugal no início dos anos 1990 e começou a ser instalado com um módulo nos comboios e com as balizas nas linhas. O sistema é fundamental para a segurança a bordo. Por exemplo, se o comboio ultrapassar o sinal vermelho, e o maquinista nada fizer, é acionada automaticamente a frenagem. Isto acontece porque existe uma baliza na linha a comunicar com o sistema do comboio que há um sinal vermelho.
Gradualmente, o sistema ETCS também será instalado nos restantes comboios de passageiros (CP e Fertagus) e de mercadorias (Medway, Takargo e Continental Rail). A gestora da rede ferroviária nacional, a IP, também tem planos para substituir as balizas do Convel pela opção europeia.
As diferentes velocidades desta transição obrigam a soluções como o STM. O comboio, desta forma, recebe a informação da baliza do sistema antigo mas é compatível com o sistema europeu.
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