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Dezenas de tripulantes de cabine da easyJet estão hoje concentrados junto ao terminal 1 do aeroporto de Lisboa para pedir melhores condições de trabalho, no primeiro de cinco dias de greve que obrigaram a empresa a cancelar 385 voos.
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Em declarações aos jornalistas, o presidente do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC), Ricardo Penarroias, insistiu no facto de a empresa ter vindo ao longo dos anos a aproximar-se das exigências dos trabalhadores noutros países, mas não em Portugal.
Como exemplo o dirigente sindical apontou diferenças superiores a 100% nas remunerações dos tripulantes de cabine da easyjet em Portugal e noutros países europeus.
“Nos salários, a discrepância que existe em relação às outras bases na Europa é gritante. Por exemplo, entre um tripulante em Portugal em relação a um tripulante na Alemanha, ou em França, estamos a falar em percentagens absurdas de 120%”, disse o responsável, que falava aos jornalistas no início do protesto agendado para hoje junto à estação do Metro do Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, numa das entradas do Terminal 1.
O dirigente sindical sublinhou ainda: “A discrepância é muito grande, sobretudo quando a própria easyJet tem dito que é uma marca consolidada em Portugal, que tem um mercado importante em Portugal e o que nós entendemos é que, se isso é uma realidade, as condições de trabalho e de salários também têm de acompanhar essa realidade”.
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“Bónus milionários, salários precários” “Rentabilidade máxima, remuneração mínima”, “Saldos verão easyJet até 132% de desconto no trabalhador português” e “Aviação em expansão, salários é que não” são algumas das frases que se podem ler nos cartazes empunhados pelos trabalhadores.
“Já não somos uma base de segunda, como inicialmente a easyJet apontava Lisboa e Porto quando se instalou em Portugal”, considerou Ricardo Penarroias.
Questionado sobre a argumentação da empresa, que diz que o que é proposto pelo sindicato para aumentos salariais é “impraticável” – falando em aumentos entre os 63% e os 103% – e que os trabalhadores “ganham acima da média nacional”, o dirigente sindical diz que é uma afirmação injusta.
“Isto é muito injusto por duas razões: primeiro, o salário médio em Portugal é baixo, muito abaixo do que era suposto tendo em conta o nível de vida que existe hoje em dia em Portugal, segundo porque as especificidades da profissão obrigam a que os salários dos trabalhadores seja superior à média por isso mesmo”, afirmou.
Neste caso – insistiu – “os salários dos tripulantes estão abaixo da média dos tripulantes em Portugal deste mercado. Portanto, esta afirmação da easyJet é patética no meu ponto de vista”.
O dirigente sindical acrescentou ainda: “o sistema da própria rede da easyJet, em que entende que existe (..) uma consolidação de há mais tempo noutras bases da Europa, como na Alemanha, da França, e que o nível de vida superior nestes países, o que também é errado”.
“Estamos a falar de Lisboa, provavelmente uma das capitais e uma das cidades mais caras da Europa”, lembrou.
Ricardo Penarroias recorda que a empresa se consolidou em Portugal, “inclusive adquiriu mais “slots” que a TAP acabou por deixar cair pelo plano de reestruturação, mas a verdade é que, neste momento, a companhia consolidou-se, consolidou a sua marca, com a ajuda dos tripulantes, que agora têm de ter o reconhecimento disso”.
Disse ainda que não está agendada, para já, próxima ronda negocial com a empresa e sublinhou: “o sindicato nunca, em nenhum momento, acabou com as negociações”.
“Nós entendemos o princípio, respeitamos, que a empresa, aquando de um pré-aviso de greve, assume que deixa de negociar com os sindicatos. Respeitamos, não entendemos, porque quem no final é prejudicado são os passageiros”, disse o responsável.
Acrescentou ainda que a empresa quer passar uma imagem de que não há caos no aeroporto, desvalorizando a greve e preferindo cancelar voos, e lembrou que a paralisação teve já o seu impacto porque apenas se estão a realizar serviços mínimos.
A greve dos tripulantes de cabine da easyJet teve início hoje e repete-se nos dias 28 e 30 de maio e 01 e 03 de junho.
A paralisação abrange “todos os voos realizados pela easyJet”, bem como os “demais serviços a que os tripulantes de cabine estão adstritos”, cujas “horas de apresentação ocorram em território nacional com início às 00:01 e fim às 24:00 de cada um dos dias” mencionados, lê-se no pré-aviso de greve, divulgado pelo sindicato.
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