A Infraestruturas de Portugal (IP) vai fechar o troço entre Caíde e Marco de Canaveses a partir de 26 de novembro por três meses para concluir a intervenção neste percurso da linha do Douro. Em substituição, os utentes terão de usar o autocarro até final de fevereiro para fazer esta ligação. Marco de Canaveses passará a receber comboios elétricos ainda em março, depois de vários anos de atraso, adianta o vice-presidente da IP, Carlos Fernandes, em entrevista ao Dinheiro Vivo.
“Temos de encerrar este troço por causa da intervenção no túnel de Caíde, um dos três desta ligação. Precisamos de rebaixar a linha em até 30 centímetros para que os comboios elétricos possam circular neste túnel”, explica o administrador da IP.
Esta é a intervenção mais difícil deste troço de linha do Douro e duraria “pelo menos um ano” – em vez de três meses – se as obras decorressem com o troço aberto. A solução permite ainda uma poupança de cinco milhões de euros, segundo Carlos Fernandes.
Além da intervenção nos túneis, a IP está a mexer nos apeadeiros e estações desta linha. As obras custam 12 milhões de euros e estarão concluídas em 26 de fevereiro. A partir desse dia, regressam os comboios a gasóleo a este troço, até que o troço seja certificado pelo IMT. Os comboios elétricos deverão chegar ao Marco de Canaveses até final de março.
Transportes alternativos
A CP vai disponibilizar autocarros entre Caíde e Marco de Canaveses: estão previstas 12 ligações com destino a Marco de Canaveses e 10 ligações com destino a Caíde. A viagem vai demorar entre 40 e 50 minutos, mais do dobro do que na ligação por comboio. Os horários serão comunicados nas próximas semanas pela CP, que ainda está a fechar o processo de consulta ao mercado para encontrar a empresa.
Os autocarros vão garantir que os passageiros possam depois apanhar o comboio elétrico entre Caíde e Porto São Bento/Porto Campanhã. Como o troço entre Marco de Canaveses e Pocinho ficará isolado da restante rede nacional, a CP vai utilizar uma automotora a gasóleo e carruagens Schindler, habitualmente utilizadas para o comboio turístico MiraDouro, entre julho e setembro.
Atrasos no Ferrovia 2020
As obras na linha do Douro fazem parte do plano Ferrovia 2020, que prevê um investimento superior a dois mil milhões de euros e a intervenção em mais de 1000 quilómetros de linhas ferroviárias. A iniciativa do Governo, no entanto, tem sofrido vários atrasos face ao programa original, anunciado em fevereiro de 2016.
Seguem-se abaixo alguns exemplos dos atrasos no cumprimento deste plano:
Alfarelos-Pampilhosa
É o único troço do plano Ferrovia 2020 com as obras terminadas, ainda assim, com quase um ano de atraso.
Évora-Elvas
A ligação entre a capital de distrito e a fronteira já deveria ter as obras no terreno há quase um ano. Mas ainda está em concurso.
Covilhã-Guarda
Ligar a Beira Baixa à Beira Alta de comboio já deveria ser possível, mas os trabalhos só estarão prontos no terceiro trimestre de 2019.
Ovar-Gaia
A renovação deste troço da linha do Norte deveria ficar concluída no terceiro trimestre de 2019, mas as obras estão atrasadas.
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