Há agora mais empresas com planos para despedir ainda em 2020 e para congelar salários em 2021 em resultado da pandemia, intenções manifestadas por perto de um quinto das inquiridas de um estudo da consultora Mercer publicado esta quinta-feira.
O estudo compara as intenções manifestadas em abril e maio com expectativas já em julho, em dois inquéritos separados junto de um conjunto de 466 empresas, metade das quais multinacionais com operações em Portugal e com uma forte representação da área dos serviços e serviços financeiros.
De acordo com uma súmula dos dados disponibilizada pela consultora, a percentagem de intenções de redução de pessoal ainda neste ano passou, nos últimos meses, dos 12% para os 19%.
Os meses de pandemia até julho vieram, diz a Mercer, mudar também os planos de recrutamento de mais de metade das empresas nacionais. Destas, a grande maioria acabou por chegar ao verão com planos de recrutamento congelados. São quatro em cada dez empresas, 39% do total. Um grupo de 13,5% vai ainda avançar com novas contratações, mas menos do que previa inicialmente.
Já no que diz respeito a salários, se nos meses de abril e maio apenas 11% das empresas ouvidas antecipavam não assegurar aumentos, a percentagem passou aos 17% em julho. Aliás, quase metade das empresas, 45%, acabaram mesmo por adiar ou rever os planos de atualização das remunerações de 2020.
Para 2021, o estudo aponta para “que haja um ligeiro abrandamento ao nível dos incrementos salariais, perspetivando-se o congelamento salarial em algumas das empresas inquiridas”.
Ainda assim, a consultora destaca que “a grande maioria das empresas (cerca de 80%) não implementou nem considera implementar reduções salariais”. Aqui estão em causa componentes variáveis como bónus de desempenho, que para já apenas 23% ponderam reduzir no próximo ano.
Trabalho remoto sem fim à vista
O inquérito realizado pela Mercer em julho para medir o impacto da covid-19 também dá conta dos planos das empresas quanto à manutenção do trabalho remoto. Perante o cenário de incerteza, 49% dizem que pretendem manter os trabalhadores fora do escritório “indeterminadamente” e outras 39% “até que a situação melhore significativamente”.
Os dados indicam ainda que em grande parte dos casos serão os trabalhadores a suportar os custos de material para a realização do trabalho. Nos dados do inquérito, menos de metade das empresas que adotaram o teletrabalho (45%) asseguraram meios da empresa como computador portátil, telemóvel ou mobiliário do escritório, mas também formação externa online.
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