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Confiança não falta à portuguesa Salsa. Ou melhor dizendo, à Salsa Jeans, uma vez que a empresa decidiu recuperar o seu nome original e, ao mesmo tempo, voltar ao azul típico do denim, embora num tom mais moderno. Um desafio que, garante Hugo Martins ao Dinheiro Vivo, está praticamente ganho devido à reação muito positiva, tanto da parte dos consumidores como da rede de parceiros e das empresas com quem a marca trabalha.
Desde 1994, ano em que nasceu no norte de Portugal, que a Salsa Jeans foi crescendo pelo mundo fora e tem atualmente 59 lojas próprias em Portugal, 26 em Espanha e 12 em França. Ao todo, contabiliza a sua presença em mais de 40 países e conta com a prestação de mais de 1200 colaboradores.
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“Neste momento, cerca de 30% das nossas vendas são feitas em Portugal e 70% são no estrangeiro, um split já bastante interessante”, diz o CEO da Salsa Jeans, explicando que o terceiro grande mercado é o francês, onde a marca vende quase tanto como na Península Ibérica. O sucesso da Salsa Jeans vê-se nos resultados, tendo a marca fechado o ano passado com cerca de 200 milhões de euros de vendas. Valores praticamente ao nível dos conseguidos antes da pandemia, mas que são fruto de um trabalho árduo e difícil, garante Hugo Martins. “Em termos de rentabilidade, a Salsa é uma empresa saudável”, define.
Expansão
Com o negócio a correr de vento em popa, a próxima aposta é o mercado irlandês – no qual a Salsa Jeans já estava presente numa rede de department stores – e onde prevê, ainda este ano, abrir três ou quatro lojas próprias. A primeira deve ser inaugurada já maio.
E, para proporcionar aos seus clientes um nível de atendimento mais elevado, a loja de Barcelona, em Espanha, será transformada numa flagship store. “Estamos numa rua onde toda a gente quer estar, e decidimos fazer um novo conceito, elevar o mobiliário, o aspeto, a comunicação de loja, incluir serviços que já temos tido nas nossas flagships (da Rua Augusta e do Arrábida Shopping), como os serviços de costumização ou o serviço de recolha para recuperação”, detalhou. Um conceito que será replicado em todas as lojas que a Salsa Jeans abrir e nas que forem renovadas.
A Salsa Jeans assume-se como uma marca feminina, embora em Portugal seja mista. Globalmente, divide-se em cerca de 70% em mulher e 30% em homem. “Quanto mais para o estrangeiro vamos, mais marca feminina somos. Somos definitivamente distintivos no mercado de denim feminino”, declara Hugo Dias, explicando que o poder da insígnia que gere é apresentar calças diferentes. “Somos um bocadinho obcecados, mas podemos fazer 80 protótipos até estarmos confortáveis com um fit”, afirma. “Depois, podemos combinar isto na nossa própria lavandaria com cerca de 70 técnicas diferentes de lavagem e 50 técnicas diferentes de acabamentos”. O que pode culminar com o lançamento de cerca de 150 a 200 modelos distintos por coleção. “Ter a nossa própria unidade industrial tem esse benefício, tenho alguém na porta ao lado que é expert nestas novas técnicas”, diz.
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A proteger o ambiente
A unidade industrial está prestes a ser totalmente reconfigurada, revela o gestor. Resultado de um investimento de cerca de sete milhões de euros, o parque industrial da Salsa Jeans vai ser intervencionado, para que a empresa possa dar o passo essencial para avançar naquilo que é o seu roteiro para a sustentabilidade e responsabilidade corporativa. Num prazo de dois anos, todas as máquinas serão substituídas. “Vamos instalar mais soluções fotovoltaicas, que já temos na nossa parte logística e de escritórios centrais, mas faltava na nossa parte industrial”, afirma Hugo Martins. Paralelamente, a empresa vai reformular toda a parte de investigação e desenvolvimento.
“Avançar no próximo triénio implica ter uma capacidade industrial bastante mais eficiente e modernizada”, reforça, garantido, no entanto, que a marca está muito avançada neste campo.
“Desenvolvemos um processo de certificado de lavagem de denim que permite poupar, em média, 60% da água consumida, mas que em alguns modelos vai até aos 98%”, explica. O plástico está já afastado da cadeia de transporte do denim, o que quer dizer que um par de calças Salsa viaja desde o fornecedor até à loja, sem utilização de sacos de plástico. “Temos técnicas próprias para garantir que os produtos não se estragam e não se sujam e, com isto, poupamos cerca de um 1,1 milhões de sacos por ano”, declara. E para que as peças da Salsa tenham uma vida mais longa, a empresa lançou, em 2022, o Infinity, um programa de reparação e recolha de denim usado. “Estamos super contentes com os resultados até à data, sobretudo porque os nossos clientes têm optado massivamente pela reparação e não pela entrega para reciclagem. Portanto, o melhor fim possível para uma peça é que possa continuar a ser usada”.
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