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As vendas de telemóveis em Portugal dispararam no segundo trimestre deste ano. Entre abril e junho, os portugueses compraram mais de 630 mil dispositivos móveis, volume que originou uma faturação da ordem dos 230 milhões de euros. Os dados são da consultora IDC Europe e demonstram um crescimento de 12% em unidades e de 35% em receitas quando comparado com o trimestre homólogo de 2021. Segundo Francisco Jerónimo, vice-presidente da IDC Europe, o aumento em valor deve-se ao maior consumo, mas também à subida em 20% do preço médio dos telemóveis, para 365 euros, devido aos custos mais elevados de produção.
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Os fabricantes estão a recuperar após as quedas substanciais registadas em 2020 e 2021 e os consumidores, que adiaram as compras por causa da pandemia, concretizaram agora a substituição dos seus aparelhos, justifica o responsável. Em simultâneo, o mercado deu mostras de preferir adquirir telemóveis com melhores características, mais duráveis e caros. No segundo trimestre deste ano, o preço médio de um smartphone da Apple custava 856 euros, um Samsung tinha o valor de 297 euros e um Xiaomi rondava os 278 euros. E são estas três marcas as eleitas pelos portugueses.
Segundo os dados da IDC, os portugueses gastaram 81 milhões de euros entre abril e junho a comprar 94 380 dispositivos da norte-americana Apple, 74 milhões em 249 500 unidades da marca sul-coreana Samsung e 54 milhões em 194 400 aparelhos da chinesa Xiaomi. Juntas estas três fabricantes garantiram uma quota de mercado de 85,4% no mercado nacional, bem acima dos 70% que representavam no período homólogo de 2021.
O reforço da representatividade destas marcas no país prende-se com vários fatores: maior investimento em publicidade, política de preços atrativos e mais agressivos e campanhas junto dos retalhistas. Já fabricantes como a TCL+Alcatel, a OPPO e outras estão paulatinamente a perder fôlego, situação mais difícil de inverter já que não possuem orçamentos para campanhas intensivas de marketing.
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Francisco Jerónimo sublinha que a Apple até poderia ter vendido mais em Portugal e na Europa se tivesse capacidade de produção. A marca tem apostado no lançamento de modelos a preços mais competitivos, impulsionando a procura. No entanto, as dificuldades em conseguir comprar componentes e a política zero covid da China têm impedido o aumento da fabricação. Problemas que também afetam a Xiaomi, que tem registado um crescimento bastante mais lento, adianta.
Se a pandemia marcou negativamente o mercado dos telemóveis e provocou disrupções nas cadeias de abastecimento e de logística, o setor enfrenta agora um novo desafio. Como realça Francisco Jerónimo, este crescimento verificado no segundo trimestre deste ano “vai abrandar, dado os receios de uma recessão económica e da inflação”. Os telemóveis não são bens essenciais e os consumidores vão estar mais focados nas despesas da casa. A IDC não tem dados de julho sobre a venda de telemóveis, mas o feedback obtido dos operadores de mercado permite antever dificuldades. Segundo Francisco Jerónimo, na área dos computadores portáteis a quebra nas vendas é já “bastante acentuada”.
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