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A Discovery Hotel Management (DHM), que gere 17 unidades hoteleiras, diz que não teve atividade nesta altura festiva, porque praticamente todos os hotéis estão fechados. “Dado que mantemos as nossas unidades hoteleiras encerradas, à semelhança do que aconteceu no ano passado, apenas estamos a registar reservas para períodos após as datas de reaberturas estipuladas”, diz Francisco Moser, managing director da DHM, que apenas abriu o Furnas Boutique Hotel, em São MIguel, nos Açores, “que está com uma taxa de ocupação média a rondar os 75%” , neste fim de semana de Páscoa.
Como correu a atividade da DHM em 2020 e como está a correr neste ano?
Em linha com o que sucedeu em todo o setor turístico, a atividade da DHM em 2020 sofreu uma quebra significativa nas suas vendas, devido às elevadas restrições de circulação impostas a nível global. No início do ano, tínhamos previsto abrir uma nova unidade, o Évora Farm Hotel, que foi adiado para este ano, bem como reabrir uma das nossas unidades no Algarve, o The Patio Suite Hotel (ex-Alpinus Hotel), já com um novo posicionamento e totalmente renovado. Por outro lado, depois do primeiro confinamento, assistimos a uma procura mais acentuada por parte do mercado doméstico, com uma redução enorme da procura dos mercados estrangeiros, em virtude das limitações de viagem que os diferentes governos foram impondo. Este primeiro trimestre de 2021, tivemos praticamente todas as nossas unidades hoteleiras encerradas, devido ao segundo período de confinamento, estando agora a reabrir alguns hotéis, como é o caso do Furnas Boutique Hotel que reabriu no passado dia 18 de março, seguindo-se o Azor Hotel a partir de dia 1 de abril, o Laguna Resort, o Vale da Ribeira Residences e o Montado Hotel & Golf Resort no dia 5 de abril e o Douro41 Hotel & Spa e o Praia Verde Boutique Hotel a 19 de abril.
Em janeiro do ano passado previam investir 21 milhões de euros e abrir dez novas unidades hoteleiras. Quais foram os resultados finais do ano?
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O investimento que tínhamos previsto em janeiro do ano passado manteve-se até porque parte dos trabalhos já estavam numa fase de conclusão ou, noutros casos, numa fase adiantada da obra. Das 10 unidades em que investimos, apenas o Évora Farm Hotel se tratava de uma nova unidade, tendo as restantes 9 sofrido uma profunda renovação. Como já referi, do universo de unidades intervencionadas, apenas o Évora Farm hotel e o The Patio Suite Hotel não abriram o ano passado, dadas as incertezas que a pandemia trouxe ao mercado. Em termos de resultados, os mesmos foram diferentes consoante as unidades. Devido à maior preocupação que os clientes têm com a segurança e o distanciamento social, notámos que hotéis mais afastados de centros urbanos e próximos da natureza, como o Furnas Boutique Hotel, o Douro41 Hotel & Spa, o Palácio da Lousã Boutique Hotel ou o Praia Verde Boutique Hotel, acabaram por sofrer um impacto menor, comparativamente com outras unidades do nosso portefólio.
Quais os objetivos em termos de investimento e novas aberturas em 2021?
Em 2021, iremos finalmente abrir o Évora Farm Hotel, num espaço com cerca de 11 hectares, com um conceito de quinta didática para toda a família e onde teremos uma horta, quinta com animais e um conjunto de experiências assentes no contacto com a natureza, que ao mesmo tempo convidam os nossos clientes a desligarem-se da azáfama da vida urbana. Esta unidade abrirá com 56 quartos e 5 vilas V3, contará com 2 piscinas exteriores, piscina interior aquecida, ginásio, sala de reuniões com área exterior, restaurante À TERRA, lobby market, lobby bar ou, ainda, área para crianças. Reabriremos, também, o The Patio Suite Hotel (ex-Alpinus Hotel), junto às Açoteias, depois de termos renovado integralmente todas as áreas comuns, apostando num conceito de eatertainment, direcionado a famílias jovens. Este hotel apresenta um dos nossos maiores lobby, onde convivem diversos conceitos de restauração em simultâneo e onde predominam os tons verdes e as madeiras, numa direta alusão à natureza circundante. Com 175 apartamentos e 8 estúdios, este hotel é a nossa aposta para os amantes da Praia da Falésia, que procuram por um hotel com uma oferta variada e bons acessos à praia, podendo inclusivamente usufruir do transfer gratuito. Aqui, os amantes de golfe poderão também ter uma “casa”, dado que estamos a uns escassos 2 minutos a pé do campo de golfe do Pine Cliffs.
Como têm evoluído a receita e os lucros dos hotéis geridos pela DHM em termos globais em 2020 e no 1º trimestre de 2021 ?
Conforme atrás referido, no último ano registámos uma quebra acentuada na performance global do grupo. Por um lado, sofremos com o primeiro período de confinamento, entre março e maio de 2020, em que tivemos de encerrar todas as nossas unidades hoteleiras e por outro, a tremenda diminuição do fluxo de turismo vindo de mercados estrangeiros colocou-nos numa posição difícil, muito embora tivéssemos conseguido muito bons resultados com o mercado doméstico. Neste primeiro trimestre de 2021, encerrámos novamente os nossos hotéis e estamos agora numa fase de reaberturas, que teve início no dia 18 de março.
Nesta Páscoa, tem havido reservas? Está a ser melhor ou pior do que no ano passado, em que também se estava em confinamento?
Dado que mantemos as nossas unidades hoteleiras encerradas, à semelhança do que aconteceu o ano passado, apenas estamos a registar reservas para períodos após as datas de reaberturas estipuladas. A única exceção, este ano, é o Furnas Boutique Hotel, que está com uma taxa de ocupação média a rondar os 75% para o fim de semana da Páscoa, sendo que definimos um limite de ocupação de 80% para garantir mais espaço e mais conforto para os nossos hóspedes.
Que impacto prevê que tenha no setor hoteleiro o arrastamento da crise sanitária em 2021?
O impacto será certamente muito negativo, já que Portugal tem uma dependência significativa dos mercados internacionais, o que leva a uma recuperação mais prolongada. Em algumas geografias o mercado doméstico será o grande motor para o início da recuperação. A evolução positiva do processo de vacinação permitirá a reabertura de algumas rotas de voos e, consequentemente, um crescimento dos mercados internacionais, mas creio que só se começará a sentir esse impacto a partir do último trimestre de 2021 e, de um modo mais acentuado, em 2022.
A pandemia veio colocar mais hotéis em dificuldades?
Sem dúvida. Note-se que o setor do turismo, e particularmente a hotelaria, foi a atividade económica mais prejudicada por esta pandemia. Não há memória de uma crise tão acentuada, com as vendas literalmente a zero durante largos períodos de tempo. Nos próximos anos podemos vir a assistir a algum desequilíbrio entre oferta e procura, resultando numa forte pressão nos preços e podendo deixar asfixiadas empresas hoteleiras com estruturas financeiras mais frágeis.
Nos próximos anos podemos vir a assistir a algum desequilíbrio entre oferta e procura, resultando numa forte pressão nos preços e podendo deixar asfixiadas empresas hoteleiras com estruturas financeiras mais frágeis
Este verão não será ainda um ano normal para a hotelaria?
Estamos a contar com um verão melhor que 2020, mas ainda aquém dos anos anteriores. Como referi há muita incerteza no comportamento dos mercados internacionais. O Reino Unido, um dos nossos principais mercados emissores, tem em vigor fortes medidas de restrição a viagens e ainda não há certezas quanto a datas de início da operação dos principais operadores. Aguardamos pacientemente pelas medidas que o primeiro-ministro britânico anunciará no próximo dia 5 de abril. Também na Alemanha, como é sabido, o governo avançou e recuou nas suas medidas de desconfinamento, devido ao crescente número de novas infeções. Todas estas limitações apontam para que este seja mais um verão desafiante, mas estamos convencidos que o verão marcará o momento de viragem para a retoma do setor.
Que medidas considera necessárias, da parte do Governo, para que o Turismo registe alguma recuperação nos próximos meses?
Todos nós sabemos, e o governo particularmente também o sabe, que o turismo é a atividade económica mais importante do país. É um setor sólido que produz bens e serviços que hoje são de primeira necessidade. Como tal, impõe-se a manutenção e o reforço de medidas com vista à proteção do emprego, ao apoio da tesouraria e ao alívio fiscal, alargando prazos sempre que tal se justifique. Simultaneamente, também me parece importante uma forte campanha dirigida aos nossos mercados de proximidade com enfoque na segurança e na diversidade do destino, de forma a reverter a imagem negativa que transmitimos no mês de janeiro.
Concorda com as medidas restritivas do governo para combater a pandemia?
Penso que o governo tem seguido as recomendações da Organização Mundial de Saúde, à semelhança da maioria dos países. As medidas restritivas não têm ajudado o turismo, algumas podem ser discutíveis, mas a sua implementação foi absolutamente necessária para salvar vidas, conter o ritmo de contágio e aliviar a pressão sobre o sistema de saúde.
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