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A Victoria, marca de calçado espanhola criada em 1915 por Gregorio Jiménez e recuperada pela Calzados Nuevo Milenio em 1999, tem verificado um crescimento significativo nos últimos anos e quer reforçar a sua presença em Portugal, tendo já calçado o staff da Moda Lisboa na edição de março deste ano.
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Sem loja física própria, a Victoria vende os seus produtos em lojas multimarca, departamento de lojas e concept stores, e online, através da sua página oficial de internet e plataformas de e-commerce. Presente em 54 países, em mais de três mil pontos de venda, é no retalho onde melhor se posiciona atualmente, revela Sara Gutiérrez, responsável de comunicação da Victoria, em entrevista ao Dinheiro Vivo.
Apesar de ser popular pelo calçado infantil, a marca tem adotado uma estratégia para se afirmar entre outros públicos, lançando coleções destinadas a jovens-adultos.
“Temos verificado um forte crescimento nos últimos anos”, observa Sara Gutiérrez. Espanha, França, Itália, Reino Unido, Portugal, Coreia e Estados Unidos são os países para os quais mais vende a marca que, apesar do impacto da pandemia, tem conseguido recuperar os valores positivos, “retomando [assim] o ritmo das vendas desde o ano passado”.
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Desde 2017, a Victoria duplicou o número de colaboradores, contando, ao momento, com 70 funcionários. A nível da produção, “seria difícil calcular os números ao mês porque, dependendo da época do ano”, existem maiores picos de pedidos, explica a responsável, avançando, no entanto, que a capacidade mensal máxima é de 30 mil pares de sapatos.
Aposta na inovação e sustentabilidade
Mundialmente conhecida pelo seu modelo de inglesas, a Victoria opta por processos de fabrico que não danificam o ambiente e produz 80% dos sapatos artesanalmente: um a um, à mão. “Um método ambientalmente consciente”, descreve Sara Gutiérrez.
Implementado nos anos 50, o método de vulcanização, que “cozinha” diretamente a sola sobre o corte do sapato, permite à marca evitar o uso de colas. A anterior borracha de pneus usada para fabricar as solas (aromatizada com morango) foi substituída por borracha natural, à qual se aliaram os tecidos ecológicos e reciclados, de que são exemplo o algodão orgânico e a mais recente aposta da marca, o algodão reciclado, que permite poupar 4500kg de algodão por ano.
O centro de logística fica a menos de 50km da fábrica, em La Rioja, possibilitando “reduzir consideravelmente as emissões de carbono relacionadas com o transporte de mercadoria”, afirma a responsável, explicando que a opção derivou da iniciativa “Dear World”, que se baseia na produção local da maioria das criações. Também o packaging da marca é reciclado e reciclável. “Para nós, a ecologia não é uma opção ou uma moda, é a nossa forma de ser e de fazer as coisas”, remata.
A centenária inaugurou, em 2019, novas instalações de base sustentável, nas quais investiu cerca de nove milhões de euros, revela Sara Gutiérrez. A transformação abrangeu a sede de escritórios e o armazém de logística, que passaram a ter uma área compreendida em 1800 m2 e 7500 m2, respetivamente.
O projeto foi desenhado segundo o conceito Passivhaus, um modelo de construção que é eficiente do ponto de vista energético, sustentável e economicamente acessível, ao qual vêm complementar os 100 painéis solares agora instalados, que permitem à empresa produzir mais energia do que a que consome, reduzindo assim a sua pegada de carbono.
Todas as áreas do edifício são monitorizadas por um sistema central que regula os níveis de CO2, luz, humidade e temperatura. Quanto aos materiais usados na construção, a maioria são de origem natural, como lã e linólio.
Plano de reforço em Portugal
“Portugal é o terceiro país para o qual mais vendemos”, ficando apenas atrás de Espanha e França, aponta Sara Gutiérrez. Com as vendas para o nosso país a representarem 6% da quota de mercado, e um crescimento acima dos 10%, a marca quer reforçar a presença em território luso e acredita que as coleções “competitivas, sustentáveis e focadas nas últimas tendências” servirão para atrair e conquistar o público.
A estratégia passará também por colaborar com uma marca portuguesa para poder lançar para o mercado uma coleção cápsula, desenhada e fabricada por duas marcas ibéricas, revela a responsável, ressalvando que o projeto está ainda em fase inicial e que não há nomes portugueses em cima da mesa.
No passado mês de março, a Victoria participou na Moda Lisboa, como calçado oficial do staff – uma “grande oportunidade”, segundo Sara Gutiérrez, uma vez que é um evento que reúne “designers, estilistas, artistas e profissionais do setor da moda” de um país no qual gostariam de “ganhar posicionamento enquanto marca”.
Questionada sobre o que a marca pretende obter do mercado português, a responsável refere uma maior presença no retalho – tanto no calçado, como na moda – como foco principal.
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