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A Vinci Airports, dona da ANA (gestora dos aeroportos nacionais), admite que os resultados da Avaliação Ambiental Estratégica (AAE) às três hipóteses para a expansão da capacidade aeroportuária da região de Lisboa podem ser conhecidos só no próximo ano. E só depois da avaliação é que as obras podem avançar.
No início de março, e depois do chumbo do regulador da aviação civil ao pedido de apreciação prévia da viabilidade da construção do aeroporto complementar do Montijo, o governo decidiu avançar com a AAE para três soluções, duas incluindo Portela e Montijo – sendo o Humberto Delgado principal e o Montijo a infraestrutura complementar; ou adquirindo o Montijo “progressivamente o estatuto de aeroporto principal e o Humberto Delgado complementar” – e uma em Alcochete, onde nasceria uma infraestrutura internacional nova. Avaliação que ainda não começou e cuja conclusão exigirá meses.
“Imagino que a avaliação começará em breve e levará alguns meses, que é o debate normal para esse processo”, disse em entrevista ao Dinheiro Vivo Nicolas Notebaert, presidente da Vinci. “Infelizmente, a recuperação [da aviação] não será imediata; os especialistas falam em 2024/2025. Todos concordam que é preciso capacidade em Lisboa. Esperamos que a solução fique decidida durante 2022 e vamos operar o contrato”, acrescentou, após a inauguração da base da easyJet em Faro.
Privatizada a ANA em 2013, a concessão das infraestruturas aeroportuárias nacionais ficou nas mãos dos franceses por 50 anos. O aeroporto algarvio é um dos dez que a empresa gere em Portugal – onde a base da easyJet, que vai contar com 21 rotas de e para Faro da low cost britânica, irá criar uma centena de postos de trabalho. Questionado sobre se poderão surgir mais bases, de outras companhias neste e noutros aeroportos, Nicolas Notebaert frisa que a função da ANA é “desenvolver a mobilidade em Portugal”, sublinhando a boa relação com todas as companhias e a missão de “criar o máximo de tráfego possível de forma a impulsionar o turismo e aumentá-lo”. E lembra, por exemplo, que recentemente a Transavia (low cost da Air France/KLM) anunciou um aumento de 15% da capacidade entre Portugal e França a partir de julho, com mais 40 mil lugares face ao verão de 2019, entre Lisboa, Porto, Faro e Funchal e as suas quatro bases francesas – Paris-Orly, Nantes, Lyon e Montpellier. “A Transavia enviou-nos um programa bastante dinâmico para o verão, com muitos destinos. É um bom equilíbrio, porque precisamos de todos os mercados.
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No Algarve, o Reino Unido [é forte], mas estamos muito orgulhosos da ANA porque desenvolvemos também algum mercado francês, em complemento ao britânico.”
A poucas semanas da entrada em vigor do Certificado Digital da UE, o gestor da Vinci deixa elogios à presidência portuguesa, que negociou este livre-trânsito gratuito. Para o turismo, há “uma data muito importante que será 1 de julho. A presidência portuguesa da UE trabalhou muito bem para unir os países europeus – onde muitos vão para o sul de férias. Portanto, protege-se a saúde de todos os europeus, mas pode-se viajar. É uma grande vitória e pode melhorar a recuperação, a partir de dia 1”, abrindo a porta a uma melhoria do turismo neste verão, diz Nicolas Notebaert.
Apesar do impulso que o livre-trânsito pode dar, o líder da Vinci Airports não arrisca projeções. “Sempre fomos modestos porque sabemos que esta pandemia acrescentou alguns efeitos de difícil avaliação. A nossa tarefa na ANA, com o apoio da Vinci, é criar em todo o momento condições para a recuperação”, defende. “Os lugares que estão disponíveis para este verão são muito bons e agora o nosso trabalho com Turismo de Portugal e companhias” é permitir que os clientes que querem voar possam fazê-lo “depois de tantos meses com restrições. O meu objetivo, a curto prazo, é ter o maior número possível de pessoas a visitar o Algarve e outras partes de Portugal, beneficiando o país e criando emprego. Depois, naturalmente, mantemos incentivos com as companhias, trabalhamos com os agentes de turismo para suportar o crescimento” da atividade.
A Vinci instalou já no aeroporto de Faro uma central de painéis fotovoltaicos que responderá por 30% das necessidades energéticas. Notebaert assume que “os trabalhos começam dentro de semanas”. “Criamos empregos, eletricidade verde, poupanças para a ANA porque temos energia mais barata mas também uma boa imagem para os visitantes europeus. Gostava que o Algarve fosse sustentável para o turismo, por isso estamos conectados com o futuro. Os tempos são duros. Queria estar aqui a apoiar o desenvolvimento da região mas também para preparar o futuro” com investimento verde.
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