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A Vinte Vinte, marca de chocolate do grupo Fladgate Partnership, está apostada em crescer nos mercados internacionais, ao mesmo tempo que procura reforçar a sua notoriedade em terras lusas. Nascida no Museu do Chocolate, um dos sete espaços museológicos do WOW-World of Wine, em Vila Nova de Gaia, a Vinte Vinte abriu, esta semana, uma loja na Rua das Flores, na Baixa do Porto, e pretende replicar a experiência em Lisboa, logo que a oportunidade se apresente. O salto seguinte será para Espanha, mas ainda sem data à vista.
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“Não fazia parte dos planos abrir mais lojas, além da do Museu, mas ficámos tão agradavelmente surpreendidos com a recetividade do mercado local e dos turistas que decidimos replicar o conceito, com espaço de venda e de cafetaria, no Porto. Lisboa está identificada como o passo óbvio seguinte, mas não vamos ficar por aqui”, diz Pedro Araújo, mestre chocolateiro, que acrescenta: “Em Espanha, estamos a fazer um levantamento das reais possibilidades no país. Claro que tanto Madrid como Barcelona fazem parte da equação, mas é tudo muito prematuro”.
Criada em novembro de 2020, a Vinte Vinte, que angariou já mais de uma dezena de prémios internacionais, faturou, no ano passado, 600 mil euros, valor que espera duplicar este ano. Além da presença em espaços multimarca em Portugal, como o El Corte Inglés ou os supermercados Apolónia, no Algarve, bem como em pequenos espaços de comércio gourmet e garrafeiras, a marca exporta 20% da sua faturação. Espanha é encarada como parte do mercado doméstico, mas os chocolates da Vinte Vinte chegam já a França, Reino Unido, Países Baixos, Suíça, República Checa, Áustria e EUA. Em fase “muito avançada” estão as negociações para entrar na Alemanha e em Taiwan.
Reforçar a distribuição internacional é a grande prioridade. “Temos muito orgulho em sermos portugueses, mas o mercado nacional é pequeno. São dez milhões de pessoas com um consumo per capita de 2,1 quilos de chocolate ao ano. Juntando Espanha, já são mais 50 milhões, mas o consumo per capita não sobe muito, ronda os 2,6 quilos/ano. Por isso, somos uma marca criada no Porto, mas o mundo é o nosso palco e, por isso, boa parte da nossa energia de crescimento e expansão está assente em encontrar os parceiros certos nos mais diversos países”, frisa Pedro Araújo. Alemanha e Reino Unido, ambos com consumos per capita na ordem dos oito quilos/ano, são vistos como prioritários, a par dos EUA, Taiwan e Singapura. O plano de negócios para o triénio 2024-2026 está a ser preparado.
A Vinte Vinte – assim batizada como forma de homenagear os produtores de cacau, cujas plantações se situam todas na faixa entre o Trópico de Câncer e o Trópico de Capricórnio, 20 graus a norte e 20 graus a sul do Equador – tem a particularidade de ser uma marca bean-to-bar (em português, da fava à tablete), o que significa que importa o cacau da origem e assegura as suas várias fases de transformação até ao produto final. Só no ano passado produziu 8,5 toneladas de chocolate na sua fábrica no WOW, o que significa, grosso modo, quase meio milhão de chocolates de seis gramas, aqueles que acompanham o café, 50 mil tabletes de 50 gramas, 40 mil tabletes de 25 gramas e quase 100 mil bombons e trufas. A fábrica tem capacidade ainda para produzir quatro vezes mais (cerca de 35 toneladas ao ano), pelo que não falta espaço para crescer.
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Somos uma marca criada no Porto mas o mundo é o nosso palco. Quero que as pessoas pensem em Vinte Vinte quando pensam em chocolate. Temos opções para todos
Para Pedro Araújo, o segredo do sucesso da marca está na sua versatilidade, já que é possível encontrar produtos diferenciados, das tabletes aos bombons, passando pelas trufas, bolos e chocolate quente, para todos os segmentos, “desde os mais conservadores aos mais arrojados”. Assim, são quatro as gamas de produtos disponíveis: a Clássica, mais mainstream; a Fusion, “a mais divertida”, que junta flor de sal, pimenta ou frutos vermelhos, entre outros, ao chocolate; e a Intensity que, como o nome o indica, permite escolher a intensidade do chocolate, mas também a sua origem. Vai desde o Peru 100%, um chocolate negro com 100% de favas de cacau selecionadas do Peru, ao Venezuela 45%. Por fim, há a gama Grand Cru que, muito à semelhança dos vinhos, oferece um chocolate de uma única variedade e de uma propriedade específica. É o caso do Grand Cru 2019 da plantação de Finca la Rioja em Soconusco, no México.
Além dos países já referidos, a Vinte Vinte importa a fava de cacau também de Madagáscar, Nicarágua, República Dominicana, Uganda, El Salvador, Colômbia e Gana. Pedro Araújo conhece cada plantação e as condições onde o cacau que compra é produzido. “Não encontra símbolos de fair trade ou de produto biológico nos nossas produtos propositadamente. Os nossos chocolates são todos de comércio justo e biológicos, é isso que diferencia o chocolate bean-to-bar, eu posso apresentar-lhe cada um dos agricultores responsáveis pelo cacau dos chocolates que eu faço”, garante.
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