//Virgílio Lima :”A associação e o Banco Montepio não vão precisar de fundos públicos”

Virgílio Lima :”A associação e o Banco Montepio não vão precisar de fundos públicos”

Virgílio Lima assumiu no inicio do ano novo mandado à frente da Associação Mututalista do Motepio Geral (AMMG). Há mais de 40 anos nos quadros do grupo, já tinha “herdado” a presidência da instituição em 2019 com a saída de Tomás Correia. O gestor acredita que o grupo está no bom caminho e que vai manter a rota de resultados positivos iniciada recentemente, rejeitando, por isso, a necessidade de um aumento de capital ou intervenção pública.

Qual o balanço que faz dos primeiros seis meses deste mandato? Já arrumou a casa? Qual foi a primeira decisão que tomou?

Foram seis meses intensos. Apesar do contexto de crise, incerteza e dificuldade, tem sido um período extraordinário. Relativamente à associação, depois da tomada de posse e com uma equipa coesa que teve um período de adaptação às suas funções, está a correr muito bem em termos de gestão da associação e das entidades do grupo. A casa está arrumada, mas ainda se está a simplificar a estrutura a alguns níveis, com a extinção de algumas unidades que no passado faziam sentido, mas hoje é possível fazer fusão de algumas unidades.


Pode dar exemplos?

A gestão de ativos mobiliários e imobiliários é um exemplo. A Montepio Seguros está em extinção, assim como a Montepio Cabo-Verde. […] Nas diferentes entidades do grupo, em particular no banco, uma das decisões fundamentais neste período foi a escolha da nova equipa para a gestão do banco [liderada por Pedro Leitão], que foi simplificada e passou de 17 para 12 elementos. Iniciou funções há duas semanas e este é um passo de grande relevância porque é uma equipa em que, no domínio executivo, há uma consistência entre as pessoas e as funções que nem sempre tivemos no passado. É uma equipa mais simples, mais ágil, com capacidade suficiente para as necessidades do grupo, muito complementar nas suas valências e também com diversidade de género. Há seis homens e seis mulheres no novo conselho de administração no seu todo, entre executivos e não executivos.


Este processo de simplificação que falou estará concluído quando?

Admitimos que está para aprovação na CMVM e que em um mês ou dois possa concretizar-se a fusão da Montepio Valor com a Montepio Gestão de Ativos. No caso da Montepio Seguros, a holding dos seguros, admitimos a extinção também dentro de um mês ou dois.


Acredita que a realização das eleições e o seu desfecho puseram um ponto final na era controversa e polémica do grupo?

O grupo precisa de estabilidade, como qualquer entidade. Nos últimos anos, fruto de circunstâncias diversas, houve instabilidade nos órgãos de governo, o banco é um paradigma com vários CEO no período de meia dúzia de anos e pessoas que aceitavam, por vezes, trabalhar com equipas que não tinham escolhido. Por razões conhecidas, houve todo um conjunto de notícias à volta do grupo que não são desejáveis e é preciso informar de forma permanente e com transparência, sobre a nossa evolução e realidade. Temos tido, desde as eleições especialmente, um período de maior estabilidade que é fundamental. Não digo que se inicia um período de estabilidade com as eleições, acho que se continua o que se tem observado desde os últimos dois anos.


E qual tem sido a evolução financeira?

Nestes seis meses relevo o crescimento do número de associados em 1800 até junho [para um total de 603 501], sendo que, no ano anterior – mesmo em pandemia -, já tínhamos crescido 3500 associados. Há um ciclo novo de crescimento, depois de anos de redução do número de associados. E crescendo o número de associados, crescem as poupanças dos mesmos e os resultados gerados pela associação. O banco fechou o primeiro semestre com 23 milhões de resultados líquidos, é o melhor primeiro semestre dos últimos 12 anos. E em áreas chave de racionalização, simplificação e bom funcionamento, e de acordo com os planos aprovados para as diferentes entidades, estão a ser cumpridos os objetivos estabelecidos.


Portanto, acredita que estão a caminhar para a estabilidade financeira da associação?

Já no ano passado todas as entidades do grupo deram resultados positivos e o resultado consolidado do grupo, no ano passado, foi de 73 milhões de euros. A associação per si, tinha tido resultados individuais de 43 milhões, o banco tinha tido um resultado de seis milhões, invertendo resultados negativos do ano anterior. As outras entidades do grupo também estão com resultados positivos, apenas a Lusitânia Vida tem resultados na vizinhança de zero. A gestão de ativos, fruto do comportamento dos mercados, também tem pontualmente resultados negativos. Mas agora, com a subida das taxas de juro, o segundo semestre será seguramente positivo. Seguramente que vamos fechar este segundo ano com todas as entidades a terem resultados positivos, é o que esperamos.