//Virgílio Lima: “O ano de 2022 será seguramente de resultados positivos” 

Virgílio Lima: “O ano de 2022 será seguramente de resultados positivos” 

O ano de 2022 vai ser um ano de resultados “positivos substanciais” para o Banco Montepio. A garantia é dada por Virgílio Lima, presidente da Mutualista Associação Montepio Geral e líder da Lista A nas eleições para um novo mandato na Associação para o período 2022/ /2025. As eleições decorrem de 13 a 17 de dezembro e estão na corrida quatro listas. Virgílio Lima assegura que não será necessário reforçar capital nas empresas do grupo e defende a consolidação da estratégia que tem sido seguida.

A sua lista é uma lista de continuidade de Tomás Correia?

Não, de todo. Em relação a Tomás Correia, convergimos no tempo e na leitura de algumas situações mas divergimos em outras. E, aliás, é público que não está connosco e apoia outra lista. Desde há 23 meses, num conjunto de matérias, iniciámos uma mudança efetiva em vários domínios, que nada têm a ver com o período anterior. Há uma mudança efetiva, nomeadamente ajustámos a estratégia do banco, que era uma estratégia centrada em grandes operações. Essa estratégia foi ajustada para passar a responder às famílias, nomeadamente na habitação, às pequenas e médias empresas, à economia social. Além disso, reduzimos custos, ajustámos estruturas, simplificámos o grupo. Normalizámos o relacionamento com os supervisores e com outras entidades, nomeadamente a tutela. Apresentámos algumas medidas estruturantes e estamos a concluir algumas ações para resolução de matérias ligadas a ativos improdutivos, que identificámos pela primeira vez, na primeira assembleia-geral do banco, no início de 2020, onde dissemos que os ativos improdutivos tinham que ter uma solução. E essa solução é uma solução de grande alcance e que está neste momento a ser ultimada para ser apresentada aos supervisores e, se validada, pode ter um impacto muito significativo. Além disto, havia uma instabilidade no grupo interna e externamente e havia também, em termos de funcionamento, todo um conjunto de problemas. A rutura foi feita com essa situação anterior de tensão com diferentes entidades, de mal-estar no seio do grupo entre entidades e dentro de algumas entidades, de algumas empresas. Houve uma efetiva rutura com o passado. E, neste momento, nós observamos que regressámos a uma maior estabilidade interna e externa. Estamos a apresentar resultados. Os associados voltaram a crescer. A margem associativa foi positiva em 2020 e 2021, com mais de cem milhões de euros em outubro deste ano. Há um novo quadro de funcionamento e de medidas estruturantes a que é preciso dar seguimento e consolidar. Constava que ele era o grande organizador de uma lista de quadros e que terá desenvolvido nesse domínio algum esforço. Nós não somos qualquer continuidade.

Vê a lista D como a rival mais forte? Como responde a críticas que lhe têm sido feitas a si e à sua administração?

Sobre essa lista em concreto e às críticas, é para mim estranho e surpreendente. Não costumamos comentar outras listas. Mas é para mim muito estranho que alguém que é membro do conselho de administração do banco e executivo de uma das empresas que dependem do banco, não lhe sendo conhecidas posições críticas venha agora, em quadro eleitoral, ter posições tão críticas ao grupo e à situação do grupo. Para mim é estranho, desde logo, até no plano ético. Surpreende-me também porque este principal candidato desta lista, Pedro Alves, fez muitas diligências para integrar a lista institucional. Mas a escolha das pessoas é em função da missão. Estamos aqui na matriz mutualista, solidária, de entreajuda, uns pelos outros. E não para acomodar ambições pessoais ou egos muito elevados. Não é essa a matriz da Associação. Não é esse o nosso quadro de valores. Não posso deixar de estranhar essas posições públicas, que são surpreendentes.

Mas como responde às dúvidas e críticas que são feitas em relação à situação da Mutualista e do grupo. Há uma situação crítica. O grupo vai precisar de ajudas?

Todas as listas falam em ajudas públicas, em intervenção do Estado de uma forma ou de outra. E isso não é necessário. O Montepio tem, como sempre teve nos seus 181 anos, capacidade própria para resolver os seus problemas. E teve problemas no passado até mais graves e sempre os resolvemos entre nós, mantendo a independência e evitando a desmutualização. Sempre encontrámos soluções. Mesmo recentemente, quando o sistema bancário teve apoios públicos, no nosso caso não houve necessidade disso, foram os associados. E o banco está no último trimestre a apresentar resultados positivos substanciais e a informação que tenho é que no mês de outubro continuou. Há algo de estrutural que se começa a observar na sequência da cuidada gestão que o banco vem fazendo em alguns domínios. Não foi só a alteração da sua estratégia. Foi a reestruturação. Porque hoje a quantidade de pontos de atendimento físicos, com a banca à distância, reduziu-se e o banco fez os seus ajustamentos. E fez ajustamentos também em termos de pessoas, sempre numa base voluntária. O banco está a apresentar resultados, assim como todas as entidades do grupo. Há 23 meses havia situações diferentes. O ano de 2022 será seguramente um ano de resultados positivos já substanciais no banco e todas as outras empresas do grupo estão a dar resultados. A Associação está a dar resultados positivos de quase 18 milhões de euros em outubro. Os associados crescem.

E relativamente ao capital…

2022 será um ano de resultados positivos substanciais. Não haverá necessidade de aumentos de capital. E há soluções de otimização de ativos que estão no banco e nós identificámos um volume de ativos ditos improdutivos que são altamente consumidores de capital e que reduzem muito a rentabilidade. Resolvendo-se estes problemas – e temos vindo a trabalhar nisso -, tem soluções que parecem muito consistentes. Aguardamos a elaboração dos planos de negócio. Libertará muito capital e libertará fragilidades no banco. O que se verifica no banco verifica-se também nos seguros. Portanto, não haverá necessidades de capital para as nossas empresas instrumentais, em particular o banco e os seguros. A Associação tem uma exploração que está equilibrada. Estamos a gerar excedentes e quando temos resultados zero estamos equilibrados porque não visamos o lucro. E esses excedentes vão permitir aumentar os fundos próprios e observamos um equilíbrio entre ativos e passivos. Vem-se invocando a situação dos ativos por impostos diferidos como algo que não tem valor. Se entregamos em cada ano às autoridades tributárias IRC que incide sobre as provisões técnicas, porque estas não são consideradas custo e somam aos resultados obtidos para calcular o IRC, geram diferenças temporárias. Pagamos num momento inicial e recuperamos no reembolso, quando os associados fazem o reembolso das suas poupanças. O que suportamos é o custo do tempo. Para nós vale. Nós recuperamos. Estas indicações de desequilíbrio é algo que não compreendemos. Só enquadrando no momento que se vive.

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