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A Volvo quer ter apenas veículos 100% elétricos a partir de 2030, com as vendas dos seus Battery Electric Vehicle (BEV) a passarem, desde já, a ser processadas exclusivamente através de canais online.
A novidade surgiu no contexto da revelação do segundo modelo puramente elétrico do construtor sueco, o C40 Recharge, crossover que se soma ao também elétrico e primeiro EV da Volvo, o SUV XC40 Recharge. Lex Kerssemakers, atual responsável principal pelas operações comerciais globais do fabricante nórdico, não diz quando espera que os BEV ultrapassem as receitas dos modelos com motores de combustão interna, mas afirma que o break point acontecerá pelo ano de 2025, quando tiverem “uma distribuição de vendas entre modelos de combustão e elétricos de 50%/50%”. Por outras palavras, dentro de quatro anos é admissível que as receitas obtidas com os BEV comecem a superar as dos veículos com motores térmicos.
Venda elétrica exclusivamente online
A Volvo comunicou ainda que todos os seus modelos 100% elétricos serão comercializados exclusivamente online, o que significa que, em 2025, metade dos clientes vão encomendar os seus novos Volvo via volvocars.com.
A aposta é justificada pela marca pelo apelo do consumidor: “Estamos a fazer esta operação gigante, porque os clientes querem comprar produtos online. O automóvel tem estado sempre um passo atrás neste processo digital, em grande parte por ser um bem de compra de maior valor.”
A marca sueca não revela os montantes do investimento na sua plataforma, mas assume que são substanciais, até para assegurar que o sistema criado esteja perfeitamente integrado com os concessionários.
Esta evolução da Volvo vai no sentido de alargar os canais de entrada do cliente. A volvocars.com será a loja principal, ligada a um concessionário ou loja pop-up.
Concessionários não estão em risco
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Apesar da aposta no digital, Kerssemakers deixou claro que o relacionamento com os concessionários é para continuar e não estará em risco: “Queremos criar uma completa viagem online e offline e os concessionários são uma parte relevante. Temos 64 mil embaixadores a trabalhar nas concessões à escala global, pessoas qualificadas tanto do lado das vendas como do lado dos serviços. Nós vemos isso como um grande trunfo, desde o primeiro momento em que começámos a falar disto com os nossos 2400 concessionários no mundo, deixámos muito claro que as concessões são uma parte integrante desta viagem”, afirma este responsável da Volvo.
Sobre um eventual receio que esta transformação possa suscitar nos colaboradores da empresa devido a uma eventual perda de postos de trabalho, Kerssemakers refere que é precisamente o oposto. “Se falarmos em 50% de encomendas online, isso não vai acontecer tudo no sofá, pode ocorrer através do telemóvel, no aeroporto ou em qualquer lado. Penso que uma grande parte deste processo também irá ocorrer no concessionário, pois as pessoas querem continuar a ver os automóveis e a tocar neles, desejam igualmente ter um aconselhamento. E junto com os consultores de vendas, os clientes podem encomendar os veículos em volvocars.com.” Kerssemakers insiste: “É por isso que sublinhamos tanto que este relacionamento com os consumidores não se está a deslocar dos concessionários para a casa-mãe.”
Simples como comprar uma televisão
Para o responsável comercial da Volvo, “os consumidores estão genericamente bem informados antes de começarem o seu processo de compra, pelo que os concessionários passam de alguém que tem um papel puramente comercial – que tenta apenas vender um veículo – para um papel de aconselhamento. Um automóvel é ainda uma compra significativa e haverá sempre pessoas que se sentem confortáveis em ir aos concessionários”.
“O nosso foco principal é fazer que esta transformação, de aquisição online, seja digitalmente possível. Se encomendarmos uma televisão online o processo é simples; a encomenda de um automóvel online requer alguma burocracia que passa por seguros e aprovação financeira. O nosso desafio é tornar a viagem online tão simples como a compra de uma televisão para que, com poucos cliques, o processo de compra avance e todas as aprovações necessárias ocorram em poucos segundos.”
Com a plataforma de venda online, a Volvo irá apresentar preços fixos de forma transparente: “Para benefício do consumidor, ele sabe que esse é o melhor preço que irá obter e não é preciso ir de concessionário em concessionário; as pessoas não gostam gostam de andar de stand em stand para fazer este tipo de negociação. Ao decidirmos fixar os preços, esta é uma questão que afastámos, mas o tocar e o sentir o veículo e o contacto direto com o vendedor da concessão são uma parte integrante da viagem.”
Para o responsável da Volvo, não obstante as atualizações remotas de software (over-the-air) nos modelos dispensarem a deslocação física ao concessionário, a rentabilidade do pós-venda das concessões não será afetada. “O negócio do pós-venda é significativo e permanecerá significativo nas próximas décadas. Há uma enorme quantidade de modelos com motores de combustão que circulam e que requerem manutenção. É verdade que os veículos elétricos exigem menor manutenção do que os carros com motores térmicos, mas teremos pelo menos dez anos para pensar como podemos, em conjunto com os concessionários, preencher a equação de negócio. No curto prazo, não vejo nenhum impacto para os concessionários.”
Lex Kerssemakers salienta que desde 2014, a marca tem vindo a crescer de 400 mil veículos para perto de 800 mil, prevendo-se que por volta de 2025 atinja 1,2 milhões de unidades vendidas/ano. “Metade será eletrificada, mas a outra metade, por volta de 2025, será composta por viaturas com motores térmicos”, reforça Kerssemakers.
Ou seja, considerando este crescimento, a Volvo venderá “mais modelos com motores com combustão interna em 2025 do que em 2015. A capacidade das oficinas dos nossos concessionários é baseada em 400 mil veículos. Portanto, não prevejo qualquer problema para os concessionários preencherem a sua capacidade de trabalho na próxima década”.
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