Partilhareste artigo
Dani Simons é a responsável da Waze por parcerias com o setor público da Waze e também por implementar o carpooling (uma espécie de serviço de boleias) no gigante do GPS com informações de trânsito em tempo real – pertence à Google desde 2013. É esse novo serviço que querem lançar na Europa (Portugal incluído) em 2021, associado à app que costuma servir – pelo menos antes da pandemia -, todas as manhãs mais de 8 mil portugueses em Lisboa e 1500 no Porto. O DV falou esta semana com a responsável que também tem como foco a mobilidade sustentável num evento privado associado à Web Summit, chamado City Summit.
Apesar de trabalhar numa empresa de origem israelita que serve os condutores de todo o mundo – mais de 130 milhões de utilizadores mensais -, Simons não conduz e entrou na empresa em 2018, depois de lançar serviço de bicicletas partilhadas em Nova Iorque, precisamente para lançar o carpooling, que diz ser “a peça do puzzle da mobilidade sustentável que falta a muitas cidades”. Até agora estão nos EUA, Brasil, México e Israel.
“Muitas cidades só consideram o metro, autocarros, bicicletas ou trotinetes no que diz respeito a soluções de mobilidade sustentável, mas queremos mostrar que o carpooling faz a diferença e é totalmente low cost para o ambiente, para os utilizadores e para as cidades”, explica a mestre em ciência ambiental em Yale e que chegou a aprender português com o objetivo de partir para a Amazónia.
Carpooling em tempos de pandemia? Trabalhadores essenciais usam
É certo que a pandemia afetou o tráfego nas cidades e a Waze – em abril tiveram quebras mundiais de uso de 70% e, em Portugal, terão chegado aos 90%. Embora o tráfego já esteja próximo do que era normal, Simons admite que tem-se visto uma mudança de hábitos que irá tornar o carpooling até mais relevante. “Há menos pessoas a usar transportes públicos com receio da pandemia e muitas estão a endividar-se para comprar um carro que não tinham para terem soluções e aí o carpooling pode ajudar”.
Subscrever newsletter
O serviço de carpool também foi afetado pela pandemia – em fevereiro tinham 1 milhão de viagens por mês entre quatro países -, mas tem futuro promissor no pós-pandemia, mesmo que no início até possam ir só duas pessoas num carro: “vimos o serviço ser fulcral nos EUA entre os trabalhadores essenciais e profissionais de saúde”.
A responsável admite que este serviço é “uma tecnologia de transição importante” e “serve com muito sucesso os subúrbios das cidades”. “Há zonas fora da cidade com poucos transportes e usar uma rede em que se pode partilhar o carro com o colega ou um vizinho para ir para o trabalho na cidade pode fazer a diferença”, explica. Ou seja, “mais do que um serviço para o condutor ganhar dinheiro, é para reduzir os gastos de combustíveis e problemas de estacionamento nas cidades”.
[embedded content]
(vídeo mostra como funcional – em português do Brasil)
A especialista em ciências ambientais diz mesmo que os governos locais devem fazer mais para incentivar o carpooling, que pode incluir a possibilidade dos veículos com elevada ocupação usarem as faixas de “Bus” ou o que chama de parking cash-outs – uma prática popular em empresas permitem que o funcionário troque o lugar de estacionamento fornecido por mais dinheiro no ordenado – neste caso, poderia ajudar a financiar o uso de carpooling. “Vemos isso já em Paris, onde aumentaram agora o programa de apoio ao carpooling por causa da pandemia e permitiu tirar milhares de carros à hora de ponta e descongestionar os transportes públicos”, explica.
A Waze não cobra taxas pelo serviço que diz ser comunitário e o valor pago por quem pede boleia (pode selecionar-se colegas de trabalho ou pessoas do mesmo sexo e a média é nos EUA é 84 cêntimos por km e menos de 5 dólares por viagem), é combinado com condutor e serve para dividir gastos, tal como o serviço BlaBlaCar. Simons admite que o facto de ter 130 milhões de utilizadores e uma plataforma ampla, “pode ajudar a Waze a tornar o carpooling uma moda ampla e eficaz nas cidades”. Chegar à Europa e a Portugal em 2021 está agora dependente de uma das especialidades da responsável, parcerias com os governos locais, cumprindo à risca as regras locais e partilhando dados recolhidos com o ecossistema da cidade.
Do ponto vista das parcerias, Simons gere também o programa Waze for Cities, que fornece dados estatísticos importantes sobre o trânsito e hábitos de circulação nas cidades. “Os nossos dados são disponibilizados às cidades e estão já a ajudar os governos locais a tomarem melhores decisões sobre mudanças nas infraestruturas”. Essa ajuda também chega das cidades, “que enviam para o Waze dados sobre planos de evacuação em caso catástrofes ou obras na estrada”.
Relação com a Google à distância
Embora a Waze esteja integrada na Google há vários anos, ambas as empresas operam de forma independente e há pouca partilha de informação entre apps que chegam a ser rivais – Google Maps vs Waze.
O que distingue a Waze como app/serviço de GPS com informação em tempo real do trânsito é a comunidade de utilizadores que partilha dados com a empresa criada em Israel em 2006, que permite um nível mais exato de informação que não é usada pelo Google Maps. Isso mesmo foi garantido há uns meses pelo CEO da Waze, Noam Bardin. As receitas da Waze são obtidas por publicidade na app.
Deixe um comentário