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De manhã a Web Summit – cuja empresa é a Connected Intelligence Limited – anunciou que vai começar a disponibilizar o seu software de conferências a outros. O primeiro cliente é a ONU num evento já no final deste mês e pelo comunicado sabe-se que a empresa está a contratar mais 50 pessoas para a nova área e tem várias outras empresas em lista de espera, estando a analisar a quem abre o seu sistema.
Esta tarde no Clubhouse – a nova rede social de áudio -, Paddy Cosgrave, o fundador e CEO da empresa admitiu a uma plateia de pouco mais de 100 pessoas onde estava o Dinheiro Vivo que vai mesmo expandir e separar da empresa que gere os eventos, a área de licenciamento e fornecimento de software para conferências. Aí há duas partes, uma que está a ser desenvolvida há 10 anos, que é o todo software de apoio à logística e à organização de oradores, participantes e convidados, mas depois inclui também a área mais recente.
Neste último caso trata-se da plataforma interativa que permite conferências remotas, criada em tempo recorde em 2020 por duas equipas lideradas por dois portugueses, João Soares e Tomé Duarte. Foi esse modelo construído no software Ruby on Rails que permitiu mais de 30 mil pessoas na versão online do Collision, mas também que já em dezembro colocou um recorde de 105 mil participantes na Web Summit 2020 a ligarem-se de forma remota à plataforma.
Apesar de relutante, Cosgrave confirmou a Mike Butcher, do TechCrunch, que as suas fontes estavam corretas. “Temos tido conversas para criar uma startup à parte para a área de software para conferências e nos próximos meses vão haver novidades, faz sentido termos uma marca separada”, admite o CEO da Web Summit, que dá ainda um exemplo: “embora numa escala diferente podemos olhar para a forma como a AWS é uma empresa independente da Amazon embora faça parte do grupo e isso faz sentido para mim”.
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Nesse novo projeto empresarial, o irlandês admite que será necessário investimento (e investidores).
Quanto à Web Summit, será em novembro em Lisboa, tudo indica presencial (o número de pessoas depende da pandemia), mas com uma parte também online. Já o Collision, o evento da empresa da América do Norte, é no final de abril e volta a ser 100% remoto.
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Como nasceu o software de gestão de eventos
“No início da Web Summit, em 2010, queríamos ter um software que ajudasse a sentar de forma criteriosa as pessoas, que houvesse uma espécie de acaso optimizado por software para organizar as pessoas em almoços, workshops e afins e não encontrámos nada no mercado, por isso construímos nós”. Paddy Cosgrave admite que essa era uma ideia anterior, que já vinha desde os tempos em que tinha aulas com o professor de estatística no Trinity College e tentou criar uma rede social com um amigo.
O nome interno do software de gestão e organização de eventos da Web Summit é Robeca, que junta os nomes Robô e Rebeca (o nome de uma antiga funcionária) e hoje ajuda a organizar a bilhética, “a juntar oradores, investidores e participantes de forma que parece ser ocasional mas que tem software a ajudar”. Além de alimentar apps (já está na base das apps do Collision e da Web Summit), esse software e os dados reunidos ao longo de mais de 10 anos de evento podem ajudar a criar também outros serviços no futuro.
Ganhos milionários com a Hopin
A Hopin é uma plataforma de eventos online que pode parecer rival da Web Summit – e a sua plataforma remota -, mas Cosgrave explica que tem valências diferentes e é investidor nessa mesma empresa – através do fundo de investimento Amaranthine (lançado em 2018 com 50 milhões de euros). “É a startup europeia com mais crescimento o ano passado”, diz, acrescentando que: “nunca tinha feito um investimento assim, disparou em 12 meses mais de 100 vezes o valor que tinha há um ano”.
Sobre a empresa londrina, admite que tem o potencial para entrar no mundo colaborativo de serviços como Zoom, Teams ou Hangouts além dos próprios eventos ocasionais.
Já relativamente ao futuro dos eventos, presenciais ou híbridos, Cosgrave acredita que o elemento presencial será sempre o mais determinante em eventos como a Web Summit. “Acho que as plataformas online como aquela que criámos serão mais úteis antes do evento, para nos podermos preparar e escolher bem com quem nos queremos encontrar – no caso de jornalistas ou investidores podem selecionar antes com quem se encontram no evento presencial -, mas também depois do evento terminar, para o follow-up”, explica.
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