//Windfloat. Obras em marcha lenta, mas REN garante prazos de ligação à rede

Windfloat. Obras em marcha lenta, mas REN garante prazos de ligação à rede

De acordo com as estimativas da REN, o projeto de construção do cabo submarino que ligará a futura central eólica offshore Windfloat (que vai nascer este ano no mar português, ao largo da costa de Viana do Castelo), à rede nacional de distribuição de energia elétrica estará pronto “no final de 2019”, confirmou ao Dinheiro Vivo João Faria Conceição, administrador executivo da REN, esta quarta-feira, durante uma visita à sala de Despacho Nacional e ao centro de cibersegurança da empresa, em Sacavém.

O mesmo horizonte temporal (“até ao final do ano”) tinha já sido avançado pelo CEO da EDP Renováveis, Manso Neto, na apresentação do projeto Windfloat Atlantic, em outubro de 2018, uma tecnologia inovadora para o eólico offshore que conta com um financiamento de 60 milhões do Banco Europeu de Investimento. Nessa altura, há precisamente sete meses, fonte oficial da REN disse ao Dinheiro Vivo que estava a dar início aos trabalhos de construção do cabo submarino.

Esta semana, e com 2019 quase a meio, surge um novo ponto de situação, pela voz de João Faria Conceição, que não difere muito do anterior, com data de outubro do ano passado. Diz o administrador da REN que, no terreno, só agora começaram a ser preparadas as obras de perfuração para a passagem do cabo submarino, que entretanto entrou em produção em fábrica, fora de Portugal, por se tratar de uma tecnologia especial, para a qual ainda nenhum fabricante nacional está apto, explicou ainda o responsável da REN.

Apesar de a REN garantir que mantém o calendário previsto e ajustado ao prazo definido – ter o cabo pronto para ligar a central eólica offshore à rede no final do ano -, este ponto de situação feito agora pela empresa mostra também uma derrapagem face a prazos traçados anteriormente: perfuração do subsolo entre setembro de 2018 e janeiro de 2019; seguida da instalação do cabo elétrico submarino, entre abril e setembro de 2019. A ligação à rede estaria prevista para outubro/novembro.

Estas datas foram avançadas ao Dinheiro Vivo por Adelino Costa Matos, CEO da ASM Industries, a PME portuguesa que está a construir as mega estruturas flutuantes com tecnologia Windfloat, que permitirão às torres eólicas permanecer em alto mar e que estarão prontas já em junho/julho.

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REN investe 1,2 milhões no cabo submarino, recebe 30 milhões do POSEUR

No que diz respeito a investimento, Faria Conceição atestou que a REN já fez até ao momento vários adiantamentos do seu próprio bolso para fazer andar este projeto, tendo anunciado recentemente no relatório dos resultados relativos ao primeiro trimestre do ano um valor de investimento de 1,2 milhões de euros para a construção do cabo submarino para o projeto Windfloat.

Em março, o Ministério do Ambiente e Transição Energética (MATE) anunciou a atribuição de uma verba de 30 milhões de euros no âmbito Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos (POSEUR) “tendo em vista a construção do cabo submarino de ligação à rede da central eólica offshore (Windfloat), na zona piloto de Viana do Castelo”.

“O beneficiário é a REN”, confirmou ao Dinheiro Vivo fonte oficial do MATE. Toda a instalação vai ser suportada por fundos comunitários, de acordo com o contrato assinado entre o Estado e a REN há cerca de um ano, com a garantia que não terá “qualquer impacto na tarifa dos consumidores”.

De acordo com o contrato, a construção do cabo submarino está orçamentada em 48 milhões de euros. Soma-se uma subestação submarina para ligação à rede de transporte, aumentando o custo total para 54 milhões de euros, tinha já noticiado o Dinheiro Vivo.

Contactada, fonte da REN garantiu na altura que “o projeto está a decorrer dentro da normalidade, para um projeto desta dimensão e complexidade. Desde a sua conceção que o projeto prevê a candidatura a fundos europeus, com o objetivo de onerar o mínimo possível a tarifa e beneficiar os consumidores”.

Com arranque de produção previsto para 2019, o parque eólico offshore terá capacidade para produzir eletricidade suficiente para fornecer 60 mil pessoas, ou seja, uma capacidade instalada de 25 megawatts dividida por três aerogeradores com uma capacidade de 8,4MW.

Mas antes que os trabalhos do consórcio internacional liderado pela EDP possam arrancar em alto mar é necessário que a REN avance mais um pouco no processo de construção do cabo submarino, explicou fonte conhecedora do processo.

Tal como o Dinheiro Vivo já tinha noticiado, a montagem das três plataformas flutuantes e respetivas torres eólicas será terminada no porto espanhol de águas profundas de Ferrol, na Galiza, sendo depois rebocadas para o local exato da central, 20 km ao largo de Viana do Castelo, até ao fim do verão, algures entre agosto e setembro, quando as condições do mar ainda permitem a operação, explicou a mesma fonte.

Ficarão depois ancoradas em alto mar, à espera que o cabo submarino seja concluído e permita ligar a central à rede nacional de distribuição elétrica.

Quando à EDP, o Dinheiro Vivo sabe que todos os prazos estão para já a ser cumpridos de acordo com o plano estabelecido. Tudo deverá acontecer no segundo semestre de 2019, aponta a EDP e a PME portuguesa ASM Industries. As plataformas flutuantes ficam prontas em junho/julho, garante a ASM Industries, a PME portuguesa que está já a construir duas delas entre Setúbal e Sever do Vouga, sendo depois rebocadas para Ferrol e por último para a sua localização final no terceiro trimestre (entre agosto e setembro) de 2019.

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