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Entre as colinas da mística Serra de Sintra encontramos a Y Country House, a primeira casa Yayem. É neste espaço, inaugurado em 2021, que se reúne uma comunidade de cidadãos globais em busca de equilíbrio entre trabalho, bem-estar e desenvolvimento pessoal.
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Chegados à Rua dos 4 Moinhos, onde se encontra este oásis no coração de Sintra, somos primeiro recebidos pela natureza. Pouco ou nada se ouve, à exceção do chilrear dos pássaros, canção que há muito se sumiu das movimentadas ruas das cidades.
“Estamos a 20 minutos de Lisboa e a dez de Cascais, mas aqui conseguimos tirar proveito da natureza à nossa volta”, explica Nuno Andrade, head of operations do Yayem, enquanto se dirige à porta e cumprimenta os membros, que vão fazendo check-in à entrada através da aplicação do clube.
A app reúne todas as funcionalidades essenciais, desde a marcação de almoços e reserva de salas de reunião, até ao consultar do programa de atividades ou aos pedidos de recomendações do assistente virtual.
Ao entrar neste espaço, onde trabalho e bem-estar andam de mãos dadas, a primeira visão é das enormes janelas da sala de estar, com acesso ao deck e à piscina, e de Nicolas Buteau, o CEO e cofundador da empresa juntamente com Lindsey Elkin.
Em conjunto, idealizaram o Yayem enquanto clube para membros que é, simultaneamente, uma comunidade global de pessoas que querem aprender, crescer e trabalhar em qualquer canto do mundo.
Estava, como tantos outros membros, sentado no sofá, de computador sobre as pernas, a trabalhar ao som de música ambiente, na sala que é muitas vezes palco de noites de jogos e clube do livro.
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“Não podemos esquecer que somos um clube social”, sublinha Nuno Andrade a propósito das atividades desenvolvidas na casa, mas sem nunca esquecer a vertente do trabalho “que, se calhar, representa uns 30% do dia das pessoas, mas esses 30% são altamente produtivos e com muita qualidade, diz enquanto prosseguimos com a visita.
Ao lado, na sala de refeições, todos os dias se serve comida biológica cozinhada com ingredientes comprados a produtores locais. Toda a gente almoça à mesma hora e as mesas são compridas para promover “refeições de estilo familiar e estimular o convívio.
No exterior, o deck, a piscina e o jardim são palco recorrente de atividades desportivas e de relaxamento, do muay thai ao ioga, e de conversas informais sobre empreendedorismo, investimentos ou temas holísticos.
No Yayem, aposta-se em rotinas saudáveis que promovam o bem-estar físico e mental dos membros. Há sempre alguma coisa para fazer, seja surf na praia do Guincho ou caminhadas pela Serra de Sintra, “há sempre atividades disponíveis para os membros e também para a equipa, porque o que vendemos, também consumimos, explica o diretor de operações.
Estas são algumas das experiências disponibilizadas aos membros do clube, que podem optar entre dois tipos de subscrições com diferentes regalias. Por 65 euros mensais, a chamada global membership, dá acesso a todas as atividades do Yayem, assim como aos espaços de cowork do clube noutros países, além de acesso à casa 12 vezes por ano. A subscrição premium, com um custo de 250 euros mensais, mantém o acesso à rede global Yayem, mas com o privilégio de aceder à casa de forma ilimitada.
Mas há ainda outros espaços a desfrutar na Y Country House, como a cave, espaço onde fica o ginásio e se organizam noites de cinema, mas onde entre atividades e massagens também se trabalha.
É este gosto pelo convívio e partilha de ideias que leva o Yayem a abrir portas a toda a comunidade e a incentivar os membros a trazerem até dois convidados por dia para desfrutar do espaço. “As pessoas vêm, conhecem o projeto e muitas delas acabam por se tornar membros também, não temos uma estratégia de hard sell, o conceito fala por si”, razão pela qual a comunidade já tem 250 membros em Portugal.
No entanto, e apesar dos convidados serem bem-vindos, os membros são sempre prioritários, tendo espaços de trabalho de acesso exclusivo. É o caso do primeiro piso, espaço mais silencioso, onde habitualmente se encontram pessoas a trabalhar de frente para a varanda com vista para a serra.
Integração na comunidade
Portugal foi o berço do primeiro espaço físico permanente da Yayem, principalmente, por se tratar de uma porta de entrada para a Europa, por ser seguro e ter boa comida e boas pessoas”, aponta Nuno Andrade. O diretor de operações refere ainda que a estratégia de investir numa propriedade em território nacional “resultou bem, mas poderia não ter resultado da mesma forma noutros países”, pelo menos em 2021, em plena pandemia.
Precisamente por se tratar de um investimento com algum risco, a solução encontrada para garantir presença noutras partes do mundo foi a realização de parcerias com clubes sociais ou espaços de cowork locais, o que permite proporcionar aos membros uma verdadeira comunidade global.
“É importante falar de solidão, diz o diretor de operações, explicando que muitos dos membros viajam pelo mundo sozinhos. “Há pessoas que vêm à procura de um espaço para trabalhar, outras já são muito boas a gerir o seu tempo e na comunidade veem respondidas as suas necessidades de trabalho, bem-estar e de desenvolvimento pessoal. Outras procuram pessoas, procuram comunidade.
Mas para fazer parte do clube não chega apenas procurar um melhor equilíbrio da vida profissional ou ser um cidadão global. Apesar de não ser uma comunidade exclusiva, o Yayem é seletivo e procura perceber quem são os candidatos a membro, quais são os seus interesses e áreas profissionais. “O nosso critério é simples, até porque o conceito por si só já filtra logo à partida”, mas o objetivo é atrair pessoas com um mindset global, que estejam a criar novas ideias ou que já cheguem com projetos muito interessantes.
O desejo é o de ter todas as indústrias representadas, pessoas de várias áreas distintas, porque só com um “ecossistema de diversidade” se criam sinergias e se promove o networking dentro da comunidade.
Perspetivas de crescimento
A comunidade está em constante expansão, com uma taxa de crescimento de membros de 20% de mês para mês. Atualmente, conta com 250 membros em Portugal e está previsto atingir a marca dos 500 até próximo verão. Os objetivos para 2023 passam por continuar a trazer novas experiências e atividades com foco no desenvolvimento pessoal e profissional, não só na Y Country House, mas também em Lisboa e Cascais.
Para Nuno Andrade, alimentar a criatividade e desenvolver soft skills só é possível num ambiente de contacto com outras pessoas, onde se respire ar puro e não se esteja “prisioneiro” dos ecrãs. “Acho que vivemos numa era de escravatura moderna. As jornadas de oito horas diárias são brutais, parece-me que o erro associado a esse tipo de pensamento é que mais horas é igual a mais produtividade. Não é verdade, reitera.
Aliás, o próprio conceito do Yayem não desvirtua a importância da produtividade – somos uma empresa, para gerar receitas temos de ser produtivos, mas para nós é fácil porque produzimos bastante, quer em atração de membros, quer em retenção de staff”, afirma, sublinhando a importância das pessoas para que o Yayem seja um “espaço completo”.
Atualmente, o Yayem conta com quatro colaboradores internos, mas para também cumprir o objetivo de contribuir para revitalizar a economia local, há 15 parceiros da zona de Sintra que trabalham em prol da comunidade.
O Yayem proporciona aos seus membros experiências, espaços em vários pontos do mundo e o sentimento de pertença a uma comunidade, mas também vende uma realidade que em tempos foi utopia e agora deixou de o ser. Para Nuno Andrade, o sucesso é a prova de conceito: “Temos membros, temos lucro, temos retenção e acredito que somos a ponte perfeita entre a comunidade global e a comunidade portuguesa.”
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