Mais de um ano depois de a Yupido ter saltado para a ribalta por causa do seu inusitado capital social de 29 mil milhões de euros, o Ministério Público continua a investigar a empresa. Ao Dinheiro Vivo, fonte da Procuradoria-Geral da República confirma que têm estado a ser realizadas diversas diligências, entre as quais a inquirição de testemunhas. Contudo, para já, não há arguidos constituídos.
A Yupido captou a atenção da imprensa e das autoridades em setembro do ano passado, depois de, no Twitter, o economista Carlos Pinto ter revelado que, durante um trabalho, tinha esbarrado acidentalmente no capital social da empresa. O valor de 29 mil milhões de euros ultrapassa a soma do capital social das doze maiores empresas do país.
O montante seria justificado por uma “plataforma digital inovadora de armazenamento, proteção, distribuição e divulgação de todo o tipo de conteúdo media”, que se destaca “pelos algoritmos que a constituem”, indicam os documentos oficiais da Yupido. Este bem intangível tinha sido avaliado por António Alves da Silva, um revisor oficial de contas independente, com mais de 50 anos de experiência e reconhecido entre os seus pares. No entanto, para além da investigação do Ministério Público, também a Ordem dos ROCs, em conjunto com a Comissão de Mercado de Valores Mobiliários, decidiram averiguar a legalidade da atuação de Alves da Silva.
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Na altura, Francisco Mendes, porta-voz da empresa, garantia ao Dinheiro Vivo a legalidade da operação da Yupido. Ao Jornal Económico, o fundador Torcato Jorge assegurava que primeiro grande serviço iria ser lançado “a nível mundial” em 2018, altura em que seriam contratadas “cerca de 206 pessoas”. Ao mesmo tempo, estaria a ser preparado o registo de 42 patentes. Com o ano de 2018 a caminho do fim, a tecnologia da Yupido continua sem ser mostrada ao público. O Dinheiro Vivo tentou entrar em contacto com os responsáveis da empresa, para um ponto de situação, contudo não obteve qualquer resposta, até ao momento.
Yupido não marca presença na Web Summit
Seria de esperar que uma empresa que se apresenta como detentora de uma tecnologia revolucionária, se quisesse mostrar numa das maiores conferências de tecnologia do mundo. Contudo, uma pesquisa rápida pela app da Web Summit mostra que nenhum representante da empresa vai estar presente no evento. Ao ECO, Francisco Mendes indicou que, em 2017, alguns colegas teriam participado na Web Summit, só que não em nome da Yupido, para não “atrair mediatismo”.
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